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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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Individuo 02<br />

No povoado Coquelândia, distante 25 km da zona urbana de Imperatriz. A<br />

individuo 02 se ofereceu para relatar um pouco de sua história. Nasceu em 04 de agosto<br />

de 1938 no município de Imperatriz. Viúva e mãe de 4 filhos. Aprendeu a quebrar o<br />

coco com 10 anos de idade com a sua mãe. Advinda da região de Caxias e adjacências –<br />

região essa conhecida como região dos cocais, devido ter uma alta concentração de<br />

várias espécies de palmeiras.<br />

Apesar de ser idosa e os filhos a intervirem de vez em quando para não fazer<br />

mais a atividade. Ainda tem força e disposição para quebrar o coco babaçu no fundo da<br />

sua casa. Mas ela confessa que sente falta da época em que participava com as demais<br />

mulheres no campo, nas quintas de babaçu. Onde coletava e quebrava o dia todo<br />

(Fazendo alusão que o trabalho é coletivo e não individual, como impera no mundo<br />

capitalista e neoliberalista). Cantando e rezando, conversando e chorando ao redor dessa<br />

atividade. O que mais nos impressiona na fala desta personagem foi esta expressão:<br />

“É até pecado queimar o coco. Pois está tirando o alimento da nossa gente”.<br />

*entrevista concedida no dia 15.09.2015<br />

É uma expressão, que podemos interpreta-la como um desabafo; devido,<br />

diminuir a cada ano a safra de babaçu. Associando a essa diminuição a seca dos riachos<br />

que abastecem as quintas e a expansão do mercado imobiliário e agroindustrial ao redor<br />

do povoado; em decorrência das instalações das empresas próximas a essas áreas.<br />

“Eu tenho orgulho de quebrar o coco – criei todos os meus filhos com o<br />

dinheiro do babaçu. O meu marido me apoiava e sempre me apoiou com a<br />

quebra do coco. Foi com o dinheiro que coloquei os meus filhos no colégio”.<br />

*entrevista concedida no dia 15.09.2015.<br />

Com a nossa personagem 02, aprende-se um processo de construção vivo e<br />

forte de resistência para sobreviver e permanecer alegre diante das adversidades que a<br />

vida no campo lhes submete. A sua identidade está enraizada nos calos das mãos, nos<br />

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