II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

filósofos que se divertiam com suas peças ao invés de denunciar nelas este caráter
grave.
Mas por que Rousseau usa sua pena contra os filósofos contemporâneos?
Por que condena a proposta de d’Alembert de implantar a Comédia em Genebra?
Rousseau não repudia apenas aquela espécie de teatro em sua época, mas a teatralização
do seu tempo, não é uma mera reação, mas segundo Salinas Fortes (1997, P.146) “tem
um que de revolução”.
O que se verifica na Carta a d’Alembert não é apenas a recusa da
implantação do teatro em Genebra, mas a exaltação daquilo que é próprio desta cidade
no que diz respeito a diversão: a festa cívica genebrina, que em sua constituição não
feria sua constituição republicana. Segundo Salinas Fortes (Livro III, cap. I, p.147):
Não é apenas o teatro que se quer evitar, mas o alto grau de representação, na
qual completa a separação espectador-espetáculo, a festa constituirá o
mínimo possível de espetáculo ou o grau zero da representação. O próprio
fenômeno do espetáculo, de cujo modelo se retira às categorias para se pensar
a vida social, é avaliado segundo estas mesmas categorias e os mesmos
esquemas e submetido ao mesmo instrumento de medida.
Seu alvo crítico não é apenas d’Alembert por causa do verbete na
Enciclopédia, mas Voltaire, que com sua pena e empenho buscava reabilitar o teatro
enquanto agente pedagógico na correção de usos e costumes, que em sua instalação nos
arredores de Genebra buscava apressar tal empreendimento. A cena seria palco para
esses filósofos, sendo contra eles e a propagação de suas ideias que Rousseau trabalha.
Sua crítica mostra claramente sua ruptura com os philosiphes, iniciada no
Primeiro Discurso, em especial com Diderot, aquele que compartilhou sua intimidade e
seus escritos. Abraça duas questões fundantes em sua Carta um de aspecto geral sobre
os malefícios do teatro e a outra particular sobre a recusa da implantação do teatro em
Genebra.
Há a necessidade de perceber que Rousseau não condena pura e
simplesmente o teatro, mas percebê-lo enquanto localizado em contextos históricos e
formações próprias. Analisa o teatro clássico francês, através de autores como Racine,
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