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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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elacionamento(s) extraconjugal(is) do feminino. Se há a tentativa de controle é porque<br />

as mulheres confrontavam tais normas e regras de imposição masculina. Há um emb<strong>ate</strong><br />

de condutas de dois grupos sociais da própria aristocracia romana: os poetas<br />

(masculino) e as matronas (feminino). O masculino que arguia sobre o não<br />

acometimento de adultério e o feminino que cometia uma postura contrária.<br />

Tendo feito a análise desses dois epigramas de matronas, Gélia e Lésbia, do<br />

poeta Marcial, partimos agora para outro poeta latino: Petrônio. O escritor Petrônio faz<br />

uso da literatura que, em nossa opinião, é satírica. A sátira é intitulada A Matrona de<br />

Éfeso e está inserida em sua obra Satiricon<br />

Vivia em Éfeso uma matrona de tão proclamada virtude que até mesmo as<br />

mulheres das regiões vizinhas para ali acorriam a fim de contemplar a<br />

maravilha. Tendo perdido o seu marido, essa dama não se limitou, segundo o<br />

costume a acompanhar o enterro [...] acompanhou o marido até a sua última<br />

morada [...] no sepulcro subterrâneo [...], ela quis ficar ali guardando-o e<br />

chorando-o noite e dia. Testemunhas impotentes desua aflição, nem seus pais<br />

nem os demais parentes conseguiram arrancá-la de junto da sepultura. Os<br />

próprios magistrados, tendo feito uma suprema tentativa, retiraram-se,<br />

também sem nada ter obtido. [...]. Desse modo, em toda a cidade, não se<br />

falava senão na viúva: era, sem contestação, o único e verdadeiro exemplo de<br />

castidade e de amor conjugal que jamais brilhara sobre a terra, segundo a<br />

opinião unânime dos homens de todas as classes. (PETRÔNIO. A Dama de<br />

Éfeso. SATIRICON. p. 155).<br />

Podemos perceber que o autor, Petrônio, começa por evidenciar uma<br />

matrona. Também conhecida como a dama do lar, ou seja, aquela que estava, segundo<br />

uma determinada lógica social defendida por estes autores latinos do período, reclusa ao<br />

âmbito das tarefas domésticas, que era a responsável por fazer a domus ser um ambiente<br />

de morada respeitável perante seu cônjuge e a sociedade em si, principalmente aos seus<br />

pares aristocráticos, e aos próprios deuses domésticos. Quando se fala em matrona, é<br />

importante destacar que essa mulher em questão é uma mulher casada.<br />

No escrito de Petrônio, o mesmo afirma que a matrona era casada, ao dizer<br />

que a mesma perdera seu marido. O autor enfatiza que a mulher possuía uma virtude<br />

invejável perante ao público dessa sociedade. Notemos aí o primeiro ato que evidencia o<br />

uso da moral. Isto é, a mulher em questão possui uma virtude que é digna de ser<br />

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