II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

Rousseau (1993, p.92) prossegue a sua análise quanto à presença dos
comediantes na cidade e nos seus efeitos quanto à participação da vida social:
Que é o talento do comediante? A arte de imitar, de adotar um caráter
diferente do que se é, de se apaixonar com serenidade, de dizer coisas
diferentes das que se pensam com tanta naturalidade com se realmente
fossem pensadas, e, enfim de esquecer seu próprio lugar de tanto tomar o
lugar de outro
Menciona a necessidade de o comediante ser mais virtuoso que os demais
homens; pois em seu tempo a partir dos progressos o homem esqueceu de ouvir a voz
da razão e o coração a voz da natureza; esquecendo por fim de retirar as máscaras
impostas pela representação deixando o rosto coberto e nunca mostrando a sua
verdadeira feição. Analisa também, a presença da mulher enquanto comediante,
enquanto tal não deveria perder o que lhe é peculiar: o pudor, pois nas grandes
companhias (especialmente na francesa) os bons costumes são deixados de lado e o
rebuscamento exaltado.
Rousseau (1993, p.102) mostra em sua exposição é que no jogo de luzes e
sombras, da representação e da dança o teatro camufla, esconde ou mostra o que lhe é
conveniente. O filósofo prossegue: “Segue-se daí que devamos desprezar todos os
comediantes? (...) Os grandes atores trazem consigo suas desculpas; são os maus atores
que devemos desprezar.” Portanto o teatro seria um estabelecimento contrário às
antigas máximas de Genebra, monumento erguido ao luxo e à preguiça, sobre as ruínas
da simplicidade da República. A defesa é por costumes que não sejam nocivos à
virtude, que o “pacto” feito em sociedade não seja derrubado pelo caráter lasso de tais
instituições, numa constante propagação de progressos que só serviriam para a
dissolução geral dos costumes. Defesa pautada na manutenção do Estado forte e leis que
garantissem a ordem de maneira geral.
982