II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

Werther não se sentia inteiro e sua constituição psicológica demonstrava
essa característica. A sua personalidade era excêntrica e ao mesmo tempo delicada. Fato
que tornava a paixão do protagonista por Charlotte ainda mais intensa e deixava a sua
vida tolerável e suficiente. Estar perto de Charlotte e venerá-la se constituía como único
objetivo de sua vida, mas as suas forças acabaram e a coragem para viver se extinguiu.
Seus esforços se reduziram a nada. A sua vida deixou de ser tolerável e não existia mais
um outro objeto que valesse a pena além de Charlotte.Werther sentia-se cansado de
prolongar a sua existência. Segundo Durkheim (2011, p. 264)‘’Não é preciso mostrar
que, num tal estado de abalo, as menores causas de desencorajamento podem facilmente
dar origem às resoluções desesperadas. Se não vale a pena viver a vida, tudo se torna
pretexto para desvencilhar-se dela’’. Contudo, em meio ao desespero e
descontentamento, Werther, em seu íntimo nutre esperanças sem razão, mas que ainda
preenchem o vazio que se tornou a sua vida. Prosseguimos com ao pensamento de
Durkheim (2011, p.314) que diz “Perseguir um fim inacessível por hipótese é, portanto,
condenar-se a um perpétuo estado de descontentamento. Sem dúvida, às vezes o homem
tem esperança sem qualquer razão, e, mesmo sem razão, a esperança tem suas alegrias”.
Em meio a tantas turbulências o protagonista nutre esperanças que lhe dão certo
contentamento, mas o seu fim é inevitável. O sacrifício de si mesmo é realizado:
O indivíduo, em vez de meditar tristemente sobre sua condição, resigna-se a
ele de bom grado. Tem consciência de seu egoísmo e das conseqüências que
logicamente decorrem dele; mas aceita-as de antemão e resolve viver como a
criança ou o animal, com a única diferença de que se dá conta do que faz.
Atribui-se então como única tarefa satisfazer as suas necessidades pessoais,
até as simplificando para tornar mais garantida a sua satisfação. Sabendo que
nada mais pode esperar, nada mais exige inteiramente disposto, se for
impedido de atingir esse único fim, a se desfazer de uma existência que já
não tem razão. (DURKHEIM, 2011, p. 362).
O protagonista tem consciência da atitude que será tomada e das
consequências que estão por vir, mesmo assim as aceita de bom grado. À meia noite ele
satisfaz a sua necessidade e atinge esse fim irremediável, o suicídio. Enquanto na
primeira parte da obra conhecemos o personagem; o romance com Charlotte e seus
conflitos; na segunda parte o autor começa a transparecer na narrativa. Nesse momento
1382