II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

Walter Benjamin sinaliza as resultantes desse processo ao afirmar que
“Hoje, os burgueses vivem em espaços depurados de qualquer morte e, quando chegar
sua hora, serão depositados por seus herdeiros em sanatórios e hospitais” (BENJAMIN,
1994, p. 207), o que atingirá diretamente a arte de narrar, mesmo no leito de morte,
posto que:
é no momento da morte que o saber e a sabedoria do homem e, sobretudo sua
existência vivida – e é dessa substância que são feitas as histórias – assumem
pela primeira vez uma forma transmissível [...] conferindo a tudo o que lhe
diz respeito aquela autoridade que mesmo um pobre diabo possui ao morrer,
para os vivos em seu redor. Na origem da narrativa está essa autoridade. A
morte é a sanção de tudo o que o narrador pode contar.
(BENJAMIN1994,p. 207 – 208).
Dessa forma, o narrador para Benjamin, é dotado de sabedoria, aquele que
adentra a esfera dos mestres dos sábios, sua referência estar em saber dar conselhos,
“pois pode recorrer ao acervo de toda uma vida (uma vida que não inclui apenas a
própria experiência, mas em grande parte a experiência alheia). “Seu dom é poder
contar sua vida, sua dignidade é contá-la inteira”. O narrador é o homem que poderia
deixar a luz tênue de sua narração consumir completamente a mecha de sua vida”.
(BENJAMIN, 1994, p. 221).
CONCLUSÃO
A reflexão benjaminiana possui um caráter todo particular no que tange não
somente a filosofia, mais também a história, a sociologia e áreas afins. A proposta
encontrada em O narradorconduz o leitor, de forma particular - se situa aqui aos
iniciantes - uma forte instigação em investigar sua linha de pensamento. Trazendo a
tona o problema acerca da narrativa, Walter Benjamin acaba impondo um olhar mais
profundo sobre sua filosofia.
A arte de narrar em declínio encontra no filósofo judeu espaço para questões
mais amplas, como a inserção de outras formas de narrar e como o homem vivencia essa
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