II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

diante sofrimentos reais, pois “[...] tudo o que se representa no teatro não se aproxima
de nós, mas se afasta” (ROUSSEAU, 1993, p.40). Portanto, o teatro e a representação
exploram e alimentam o que há de mais prejudicial para o espectador. Segundo o
genebrino:
[...] qualquer sentido que atribuamos ao Teatro e suas imitações, vemos
sempre, que animando e fomentando em nós disposições que seria preciso
conter e reprimir, ele faz dominar o que deveria obedecer, longe de nos tornar
melhores e mais felizes, ele nos torna piores e ainda mais infelizes, além de
nos fazer pagar à custa de nós mesmos o cuidado que nos ali tomamos de nos
divertir e nos encantar (ROUSSEAU, s.d. p.14).
Tendo uma característica narcísica, a separação entre ator e espectador se
dá dentro do indivíduo. Este não possui mais uma identificação com o coletivo, mas
somente com a solidão e com a individualidade que o modelo teatral francês propõe ao
ator e ao espectador ao lançar uma divisão entre aquele que pratica as más ações – ator
– e aquele que está distante, que somente observa, fazendo o espectador se sentir isento
da responsabilidade pelo outro – o espectador. Desse modo, o teatro reforça somente o
ego, a individualização, e de nenhum modo os laços sociais e a empatia pelo outro. Por
conseguinte, podemos dizer que o teatro não auxilia de forma favorável o melhoramento
dos costumes do povo. Para Fortes (1997, p.160):
Reforço do ego, o espetáculo é, por excelência, a ação puramente “negativa”,
que não produz enquanto tal resultado algum, mas propicia a irrupção e um
crescimento daquilo que está dado, funcionando como um crescimento de
aceleração de um processo “natural” de corrupção inevitável. Só por isso,
uma vez que nos achamos diante de uma caixa de ressonância ou de um
aparelho de amplificação, não podemos dizer que o efeito do teatro ou dos
espetáculos seja salutar.
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