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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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anti-natural dado a criança, que não o deixa mesmo se movimentar, tem consequências<br />

em seu físicas e emocionais. Cito:<br />

Tão cruel constrangimento poderia influir em seu humor, em seu<br />

temperamento? Seu primeiro sentimento é um sentimento de dor e de<br />

esforço: só encontram obstáculos a todos os movimentos de que necessitam.<br />

[...] irritam-se, gritam. Seus primeiros sons, dizei vós, são de choro? E<br />

evidente. [...]. Nada tendo de livre senão a voz, como não se servirem dela<br />

para se queixarem? Choram por causa do mal que vós lhes fazeis. [...](Ibid.,,<br />

p.18).<br />

A criança ao nascer já está em meio a toda conformidade social. É papel da<br />

mãe cuidar para que siga o caminho da natureza. No entanto, Rousseau observa que<br />

não é isso que ocorre. As mulheres estariam mais preocupadas em entregarem-se ao<br />

divertimento da cidade a cuidarem e amamentar seus filhos, alienando esse dever a<br />

outras mulheres, as amas, que segundo o autor, não teriam amor nenhum por esta<br />

criança que não é sua. A criança, por sua vez em meio a todo esse descuidado da mãe e<br />

em processo de desnaturação externaliza seu primeiro canto apaixonado: o grito e o<br />

choro de dor e desamparo; o som inarticulado que sai da garganta como expressão de<br />

angústia diante da mordaça ao qual foi submetido. A criança que não sendo <strong>ate</strong>ndida a<br />

seu pedido mais urgente, a sua primeira necessidade, põe-se a prantos, e qual seria ela?<br />

Ora, a necessidade da liberdade; a criança nasce livre, é responsabilidade da mãe, cuidar<br />

para que a sua natureza não mude, “observai a natureza e segui o caminho que ela vos<br />

indica” (Ibid., p.22).<br />

A mãe, sua verdadeira ama, deve exercitar as afrontas que um dia terá que<br />

suportar: “criança suportará mudanças que um homem não suporta; as fibras dela,<br />

moles, flexíveis, tomam sem esforço as dobras que lhes impõem; as do homem, mais<br />

endurecidas, só com violência mudam as que receberam” (Ibid., p.23). Assim, a criança<br />

deve ser ensinada a ser forte, mesmo que isso a ponha em risco, pois estes são “riscos<br />

inseparáveis da vida humana”. Conforme Rousseau:<br />

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