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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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apreendendo-se o grau de importância da posse de disposições culturais, econômicas e<br />

sociais neste processo. Além disso, a pesquisa serviu como referência estimulante para<br />

que os próprios professores sejam capazes de compreender e refletirem sobre as suas<br />

próprias trajetórias, vivenciadas até o momento da escolha profissional.<br />

Considerou-se todos esses fatores expostos pelos entrevistados para se<br />

compreender que essas características são resultados do forte peso da origem social<br />

sobre as vontades, ações e escolhas do indivíduo. Viu-se que a escolha não parte apenas<br />

de uma decisão livre e racional do sujeito, mas sim em decorrência de constrangimentos<br />

vivenciados e internalizados socialmente pelo indivíduo.<br />

O fato supostamente contraditório da docência ser considerada uma<br />

atividade não atrativa atualmente, em termos m<strong>ate</strong>riais e simbólicos, e mesmo assim ser<br />

requisitada como profissão na cidade pesquisada, deve-se muito fortemente à ação do<br />

conjunto de disposições sociais objetivas sobre o sujeito, como a baixa oferta de postos<br />

no mercado de trabalho local, também pouco variado e especializado.<br />

Nesses termos, compreende-se que a escolha da docência como atividade<br />

profissional se equilibra entre as disposições adquiridas socialmente pelos postulantes à<br />

carreira, originárias de seu berço familiar, e as condições objetivas de um mercado de<br />

trabalho no qual a Educação pública ocupa posição central, seja pela maior oferta de<br />

vagas, seja pela possibilidade mais palpável de trajetórias não muito aquinhoadas<br />

cultural e economicamente de aquisição de emprego e renda como base para sustentação<br />

de sonhos e voos mais elevados.<br />

REFERÊNCIAS<br />

BOURDIEU, Pierre. Os herdeiros: os estudantes e a cultura. Pierre Bourdieu e Jean-<br />

Claude Passeron; tradução Ione Ribeiro Valle, Nilton Valle. Florianópolis, Ed. da UFSC,<br />

2014.<br />

BRASIL, ABA (Associação Brasileira de Antropologia). CÓDIGO DE ÉTICA DO<br />

ANTRÓPOLOGO E DA ANTROPÓLOGIA. Brasília / DF: UnB, 2012.<br />

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