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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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Emílio representa o estado inicial do homem, porém já inserido em sociedade. Se o<br />

homem natural é um ser autônomo, orientado por seus impulsos naturais e submetido<br />

somente a leis naturais, Emílio porém, é um ser totalmente dependente que necessita de<br />

cuidados por estar a desenvolver-se física e intelectual e moralmente.<br />

Se no Ensaio, natureza e linguagem caminham juntas, no Emílio, educação<br />

e linguagem seguem o percurso da natureza. Para Rousseau a educação começa com a<br />

vida, ao nascer, a criança já é discípulo, não do governante, mas da própria natureza. O<br />

governante não o faz senão estudar, orientado por esse princípio mestre, e impedir que<br />

seus cuidados sejam contrariados. Ele vigia o bebê, observa-o, segue-o, <strong>ate</strong>nta,<br />

vigilante, para o primeiro reluzir de seu fraco entendimento. Disso Rousseau expõem<br />

que:<br />

Nascemos capazes de aprender, mas não sabendo nada, não conhecendo<br />

nada. A alma acorrentada a seus órgão imperfeitos e semi formados, não tem<br />

sequer o sentimento de sua própria existência. Os movimentos, os gritos da<br />

criança que acaba de nascer, são feitos puramente mecânicos, desprovidos de<br />

conhecimento e de vontade. (Ibid., p.41)<br />

Ou seja, a criança ao nascer é pura determinação da natureza, mas vem com<br />

disposições para a sua orientação no mundo. Agora Rousseau nos convida a imaginar se<br />

essa criança não fosse bebê, mas um homem feito, com sua força e estatura, que já<br />

nascesse com todos os meios de ação; “esse homem-criança seria um perfeito imbecil,<br />

um autômato, uma estátua imóvel e quase insensível: não veria nada, não<br />

compreenderia nada, não conheceria ninguém, não saberia voltar os olhos para o que<br />

tivesse necessidade de ver [...] as cores não estariam nos seus olhos, os sons não<br />

estariam nos seus ouvidos, os corpos que tocasse não estariam no seu, nem sequer ele<br />

saberia que tem um; o contato de suas mãos não estaria no seu cérebro; todas as suas<br />

sensações se reuniriam num só ponto, sensorium comum; teria uma só ideia, a do eu, a<br />

quem atribuiria todas as sensações e este sentimento seria o que teria a mais do que uma<br />

criança comum.[...] Sentiria o incômodo das necessidades, sem conhecer nem imaginar<br />

um meio de <strong>ate</strong>nder a elas. (Ibid., p.41)<br />

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