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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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Nesse sentido o homem não desenvolve uma linguagem para satisfazer suas<br />

necessidades naturais, mas outros tipos de necessidades que o encontro com o outro faz<br />

surgir em seu coração. Segundo Rousseau, se o homem tem tudo a tempo e hora, sem<br />

precisar dizer uma só palavra, logo não foram as necessidades que lhes fizeram falar,<br />

mas as paixões. “Inclino-me, por isso, a pensar que, se sempre conhecêssemos tão-só<br />

necessidades físicas [fisiológicas e biológicas], bem poderíamos jamais ter falado, e<br />

entender-nos-íamos perfeitamente apenas pela linguagem dos gestos” (ROUSSEAU,<br />

1978, p.161-62).<br />

A apresentação dessa linguagem, ou língua natural é exemplificada no<br />

projeto educacional rousseauniano. No entanto, verifica-se que tal apresentação<br />

exemplificativa pode ser um recurso retórico do autor em relação à uma natureza que<br />

“não existe, nunca existiu e talvez jamais existirá”. Desse modo, na obra em questão,<br />

Rousseau expõem com maior detalhamento esse homem hipotético ao qual iremos<br />

comparar com a criança, ou melhor, com o bebê imaginado no Tratado de Educação. No<br />

Discurso sobre as origens e os fundamentos sobre os homens, o filósofo preocupou-se<br />

em fundamentar o estado original, focando as luzes mais em apresentar cada estado, do<br />

que estabelecer como se deu a passagem de um para o outro.<br />

O homem primitivo natural é um homem hipotético, ilustração da alma<br />

humana, anterior a qualquer inserção social, portanto, anterior à inserção intelectual,<br />

moral, política ou à convenções. O homem natural é puro, até mesmo ingênuo, mas<br />

livre, autônomo e encontra-se em total harmonia com a natureza. No estado natural, o<br />

homem é uma unidade, um fim em si mesmo, que só se relaciona com o seu semelhante.<br />

Desprovido de razão ativa, detém nesse estado dois princípios inatos e próprios a<br />

qualquer ser da espécie: o amor de si e a piedade natural. O primeiro princípio visa a<br />

auto conservação, o outro a conservação da espécie; em que uma regula a outra. Mas, o<br />

homem natural, tem uma terceira característica, que o diferencia dos outros animais. A<br />

perfectibilidade, capacidade que o homem tem de desenvolver-se sobre se mesmo, é o<br />

que da ao homem a possibilidade de saída de seu estado original. É por meio dela, que o<br />

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