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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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A obra do diretor alemão Werner Herzog, intitulada “Aguirre, a cólera dos<br />

deuses” de 1972 é uma das obras fruto do movimento de renovação do cinema mundial<br />

impulsionado pelo realismo poético francês que sucedeu as vanguardas estéticas de<br />

início do século XX e que também inspirou o neorrealismo italiano pós segunda guerra<br />

mundial e que tinham como características transpor o paradigma de produção<br />

cinematográfica norte americano vigente até então com suas grandes produções feitas<br />

em estúdio, retratando e exaltando, em geral, o “american way of life”.<br />

Em linhas gerais esse “Novo Cinema” tinha como características a busca<br />

por um cinema mais autoral, visando retratar personagens e cenários mais realísticos,<br />

usando, às vezes, intérpretes não profissionais bem como um minimalismo técnico que<br />

bem pode ser representado pela já consagrada frase “uma câmera na mão, uma ideia na<br />

cabeça”. Assim é que Herzog se lança na ousada empreitada de, com um orçamento<br />

baixíssimo, produzir um épico para aquele período, retratando o episódio histórico da<br />

expedição de Don Lope de Aguirre que tendo a tomada do império Inca pelos espanhóis<br />

como pano de fundo, sai em busca da lendária cidade do Eldorado na Amazônia<br />

Oriental. Com um grande elenco e poucos recursos técnicos, o diretor consegue<br />

produzir um dos grandes clássicos do Novo Cinema Alemão com a ajuda da<br />

excepcional parceria e interpretação do ator Klaus Kinski no papel do ambicioso<br />

Aguirre em uma jornada de loucura em meio a uma Amazônia avassaladora e<br />

inexpugnável.<br />

Apesar da proposta de renovação empreendida por Herzog, muitos são os<br />

elementos que ainda persistem em sua obra frutos de uma leitura exotizada da região<br />

amazônica e seus habitantes. A floresta ainda é vista como um espaço “infernal” que<br />

por conta das suas muitas e intransponíveis barreiras naturais, dizima a coragem, a<br />

saúde e a sanidade do invasor mesmo que isso seja retratado através de uma forte crítica<br />

à ambição desmedida daqueles que se lançavam em aventuras em busca de glória e<br />

riquezas. Também a predileção pelos planos abertos, inclusive o belíssimo plano inicial<br />

que abre a película, filmando em um close up lento uma multidão que mais se<br />

assemelha a uma procissão de formigas, além da pouca e irracional participação do<br />

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