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(na figura do dote matrimonial), e o crédito (que é um termo baseado no tempo e
juntamente com a honra precede um tipo de troca econômica).
Baseado nas três obrigações, a de dar, receber e retribuir, o dom, a troca é
dada quando há obrigação e honra envolvida, por ambas as partes, sendo que, primeiro,
ao dar, o chefe da comunidade conserva a sua autoridade, como no caso em questão, do
pequeno senhor de terras no MA algodoeiro em dar proteção e do chefe dos quilombos
em dar suprimentos em troca desta, segundo, ao receber, ambas as partes estão
exercendo o dom e a dádiva de ser generoso, pois quem recusa um presente é entendido
como temeroso de retribuir aquilo que lhe é dado, e em terceiro lugar, enquanto retribuir
não é obrigatório quando quem deu era superior a quem recebeu, mas ainda assim há a
obrigação de retribuir com contra-prestações (juros), e quem não o faz não possui
crédito ou confiança dos demais membros da sociedade.
Aqui estão algumas outras regras do dom: Quem tem mais deve dar a quem
tem menos, não existe a possibilidade de receber e não retribuir aos presentes, sob pena
de guerra se não quiser aceitar algo que o chefe queira lhe dar, a obrigação no tempo
consegue manter as relações sociais entre as pessoas da mesma comunidade, o mana
impede o acúmulo de coisas por parte dos indivíduos inseridos em uma economia
primitiva, os cobres davam prestígios aos seus donos e a ideia de divino tem a ver com a
ideia de mana, ou seja, de autoridade.
Para Claude Levi-Strauss, em O principio de reciprocidade, Mauss propõe
nos mostrar que a troca se apresenta nas sociedades primitivas mais na forma de dons
recíprocos que na forma de transações comerciais, Levi-Strauss afirma que esses dons
ocupam lugar muito mais importante nessas sociedades do que nas nossas. Esta forma
primitiva de troca não possui apenas caráter econômico, mas é um fato social total, isto
é, é dotado de significados sociais e religiosos, mágicos e econômicos, utilitários e
sentimentais, jurídicos e morais.
A oferenda cerimonial de vestuários, joias, armas, alimentos e diversas
provisões é um traço comum na vida de várias sociedades primitivas, sobretudo a
Maori, em ocasiões como nascimento, batismo, casamento, falecimento, iniciação,
1804