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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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séculos XVI e XV<strong>II</strong>. Estes viajantes foram os primeiros a registrar suas atividades,<br />

como eram as terras recém “descobertas”, bem como, os costumes, hábitos, rituais dos<br />

habitantes que foram descritos como sinais da presença do diabo na América, visto que,<br />

os comportamentos dos indígenas que não se adequavam ao molde religioso cristão e<br />

por ameaçarem os interesses de c<strong>ate</strong>quização e colonização da América portuguesa 162 .<br />

Dito isto, o presente artigo resultou da análise de duas crônicas, redigidas no<br />

século XV<strong>II</strong> por missionários franciscanos, Missão dos padres capuchinhos a Ilha do<br />

Maranhão e terras circunvizinhas do padre Claude D’Abbeville e Continuação da<br />

História das coisas mais memoráveis acontecidas no Maranhão nos anos de 1613 e<br />

1614 do padre Yves D’Évreux que trataram dos indígenas Tupinambá da Ilha<br />

Maranhão 163 . O objetivo deste estudo foraanalisar as representações das indígenas como<br />

seres de que se utiliza o demônio – enunciado oriundo das concepções do imaginário<br />

ocidental cristão a respeito das mulheres 164 .<br />

Apesar do desenvolvimento dos estudos sobre as mulheres, notadamente a<br />

partir da década de 1980, existem desafios nesse campo de estudo. Um dos desafios<br />

impostos, no caso de pesquisas sobre mulheres indígenas em que somente dispomos de<br />

documentação produzida por enviados da Europa para o litoral brasileiro, é a<br />

162 Algo sempre presente nessas crônicas é o relato da própria experiência do viajante, assim como, a<br />

tentativa de compreensão do outro. Ver DUSSEL, Enrique. 1492: o encobrimento do outro: a origem do<br />

mito da modernidade. Conferências de Frankfurt. Petrópolis, RJ. Vozes, 1993.<br />

163 O termo Ilha do Maranhão aparece nas crônicas para se referir ao Maranhão que podia corresponder a<br />

uma vasta faixa territorial de fronteira que podia compreender os atuais estados do Ceará, Piauí,<br />

Maranhão e Para. De acordo com Cardoso (2011), antes de 1621 com a criação do Estado do Maranhão e<br />

Grão-Pará, não se fala ainda claramente sobre um ‘Maranhão português’, a região era conhecida por<br />

diversos nomes ou títulos: ‘terra do rio das Amazonas’, ‘terra dos tupinambás’, ou mesmo ‘terra dos<br />

caraíbas’. Muitas Crônicas, Cartas, Memoriais e Planisférios chegam a representar o Maranhão como uma<br />

espécie de ‘não-Brasil’. Alguns trabalhos identificam o momento da incorporação da região ao domínio<br />

português quase sempre como uma resposta à presença de franceses na Ilha do Maranhão. Antes da<br />

tomada definitiva do Maranhão pelos portugueses, existem várias viagens documentadas sobre a região, a<br />

mais conhecida é a realizada pelos franceses comandada por Daniel de La Touche em 1612 (CARDOSO,<br />

Alírio. A conquista do Maranhão e as disputas atlânticas na geopolítica da União Ibérica (1596-1626).<br />

Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 31, nº 61, p. 317-338 – 2011).<br />

164 Os estudos realizados no Laboratório de Arqueologia da Ufma (LARQ) no âmbito do projeto Carta<br />

arqueológica dos povos Tupiguarani na Ilha de São Luís coordenado pelo professor Alexandre Guida<br />

Navarro foram essenciais para a elaboração deste estudo sobre as mulheres Tupinambá.<br />

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