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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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compartilhar a alegria de estarem reunidos. Ao contrário do teatro que promove<br />

espetáculos em locais exclusivos, para um pequeno número de pessoas que ficam<br />

imóveis durante a peça teatral – além de ensinar a servidão e a desigualdade – as festas<br />

unem, geram felicidade e torna tudo comum a todos. Na festa o povo é espetáculo e<br />

espectador ao mesmo tempo; momento no qual todos se amariam e se reconheceriam<br />

como membros de um mesmo lugar. O único objeto da festa é a união das pessoas para<br />

que se sintam felizes por estarem juntas.<br />

Quais serão, porém, os objetivos dos espetáculos? Que se mostrará neles?<br />

Nada, se quisermos. Com a liberdade, em todos os lugares onde reina a<br />

abundancia, o bem estar reina também. [...] oferecei os próprios espectadores<br />

como espetáculo; tornai-os eles mesmos atores; fazei com que cada um se<br />

veja e se ame nos outros, para que com isso todos fiquem mais unidos<br />

(ROUSSEAU,1993, p.128).<br />

Na festa os indivíduos esquecem das suas diferenças e tornam-se fundidos<br />

numa única essência que é a de comunidade. Diferente do teatro que promove a<br />

separação dos homens e os ensina a representar diversas máscaras para tornarem-se bem<br />

vistos aos olhos dos outros, a festa proporciona felicidade, o reflexo da sociedade<br />

comum, laços de comunhão e de amor entre seus componentes, trazendo à tona a<br />

essência de cada indivíduo na prática do convívio. Nela o homem torna-se livre: das<br />

amarras da representação e da dissimulação. “A festa é o anti-espelho ou, em outras<br />

palavras, o estágio da transparência, condição essencial, segundo Rousseau, na<br />

construção do cidadão” (FREITAS, 2003, p.32). A festa convoca o indivíduo para a<br />

coletividade social, ela rompe com o cotidiano e apresenta novas possibilidades de<br />

convivência social. O geral se sobrepõe ao particular e o indivíduo se reconhece num<br />

todo, no corpo social. De acordo com Freitas:<br />

A festa contribui, assim, para o esboçar o perfil de uma personalidade que se<br />

opõe àquela que emerge na vida cotidiana. Nela, o ideal propriamente<br />

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