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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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A proposta desse primeiro momento é o despertar diferencial para novas<br />

fronteiras do sentir e pensar que só terão acesso, no movimento heterogêneo de criação,<br />

para uma “nova” filosofia.<br />

2. A leitura em intensidade<br />

Para compreender o pensamento sem imagem é necessário partir da ideia de<br />

uma realidade heterogênea afirmada por campos intensivos e pré-individuais. Na<br />

literatura, essas “fronteiras” são desmistificadas nos romances de Henry Miller, na<br />

poesia de Walt Whitman, no cinema de Orson Welles e também na pintura de Francis<br />

Bacon. Não devemos confundir tal realidade intensiva somente com produções de<br />

subjetividade, mas asseguramos que a afirmação dos acontecimentos sem sujeito<br />

possibilitam novas formações de sentido. Nesse campo de multiplicidades é que se<br />

iniciam os processos de legitimação da literatura, ou seja, são novas condições que<br />

determinarão a literatura como mais um dos campos do saber que abarcam<br />

características necessárias, como propõe Deleuze (2013), para a criação de perceptos e<br />

afectos (pacotes de percepção e de afecção).<br />

A arte literária se apoia na heteronomia do pensamento, trazendo consigo<br />

uma potência criadora da linguagem. A heteronomia parte da ideia de que o ato de<br />

pensar se baseia em diversos grupos ou coletividades oriundas da própria linguagem<br />

literária, isto é: a potência literária em Herman Melville, Lewis Carroll, Marcel Proust,<br />

D. H. Lawrence ou o tão citado Franz Kafka é estabelecida a partirde uma determinada<br />

contraposição à representação, possibilitando novas formas de significação, criando e<br />

afirmando a potência de um novo estilo de escrita. Desse modo,surge uma tentativa de<br />

um “novo” estilo literário, inédito e indeterminado que leva às novas experimentações<br />

linguísticas.<br />

Nesse contexto, o procedimento de Deleuze se torna autêntico, não somente<br />

por se justificar como uma criação advinda de outra disciplina, mas pela genuinidade de<br />

leitura e escrita declaradas por esse procedimento. Assim, entendemos que se torna<br />

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