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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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A travessia de Portugal para o Brasil tinha de ter em conta outros fatores. Os<br />

alísios de nordeste proporcionavam uma travessia fácil, de Lisboa para o<br />

Norte do Brasil, mas a passagem pelo sul, abaixo do Cabo de São Roque, era<br />

extraordinariamente arriscada. Havia uma diferença fundamental entre a<br />

costa leste-oeste (Ceará, Maranhão e Pará) e a costa norte-sul (do cabo de<br />

São Roque ao Rio da Prata). Em termos práticos, isto significava que era<br />

mais rápido e mais seguro navegar de Lisboa para São Luís, do que de São<br />

Luís para Salvador. Há de ter em conta a forte corrente do Brasil, que se<br />

desloca para o Sul ao longo da costa. Para a navegação costeira, a monção do<br />

Nordeste (entre Outubro e Abril) permitia navegar de Pernambuco para<br />

Salvador em quatro ou cinco dias [...] A navegação entre Lisboa e São Luís<br />

do Maranhão durava aproximadamente cinco semanas, enquanto a travessia<br />

de Lisboa para Recife demorava sessenta dias, para Salvador, setenta<br />

(RUSSELL-WOOD, 1992, p. 55-56).<br />

A viagem de Lisboa para São Luís era considerada rápida para os padrões<br />

da época, pois durava apenas cinco semanas, se compararmos com outros locais da<br />

América portuguesa. Era difícil viajar por mar entre o Brasil e o Maranhão e pior ainda,<br />

era viajar por terra, já que não existia nenhum tipo de estrada e os desafios se tornavam<br />

piores. Existia apenas uma ligação por terra, mas que era considerada demasiada<br />

perigosa, que era por meio da Serra de Ibiapaba, entre os estados de Ceará e o Piauí.<br />

Entretanto, viajar pela Amazônia portuguesa tinha uma singularidade que<br />

acabava se tornando bem diferente do Estado do Brasil, ou seja, os rios do Maranhão<br />

apresentavam uma navegabilidade quase que inigualável. Foi exatamente essas<br />

condições de rios navegáveis e de sua rede fluvial ser demasiada extensa, que acabou<br />

inspirando muitas ideias e diversas especulações sobre a vocação comercial que essa<br />

região teria. Viajar por estas águas também implicava diversas dificuldades, a começar<br />

pelo tipo de transporte que poderia adentrar na rede fluvial amazônica. Em função da<br />

ecologia da região, o uso de naus de grande calado não era incentivado. O sistema de<br />

navegação amazônica inclinava-se a uma mescla de conhecimentos híbridos, europeus e<br />

indígenas.<br />

Os portugueses rapidamente aprenderam nos encontros com traficantes e<br />

piratas que a tecnologia das embarcações nativas não deveria ser ignorada. O<br />

sistema de navegação utilizado na região amazônica, assim, inclinava-se a<br />

uma mescla de conhecimentos europeus e indígenas. É verdade que o uso das<br />

embarcações nativas não era novidade entre os portugueses, habituados aos<br />

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