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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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monoteísta e patriarcal, em que os cultos considerados femininos haviam sido relegados<br />

ao domínio do demoníaco e do perverso, por representarem uma ameaça à instalação de<br />

uma sociedade civilizada e cristã, radicada na crença de um único Deus, masculino,<br />

onde os homens deviam assumir posições clericais e políticas, com posições de<br />

prestígio e poder. Ao associar a figura de Deus ao masculino significou um<br />

distanciamento da mulher do divino. Ser mulher passou a significar estar mais propensa<br />

ao mal, mais suscetíveis às ciladas do demônio, seres secundários, carnais e vulneráveis<br />

às tentações (DELUMEAU, 1989).<br />

Desta forma, o corpo feminino carregava o peso do “pecado original”,<br />

símbolo da desordem e da impureza, deveria ser vigiado e controlado. Por outro lado,<br />

esse corpo somente podia ser enaltecido através da m<strong>ate</strong>rnidade, essa seria a única<br />

forma de transcender essa imagem profana e demoníaca. A dicotomia presente nessa<br />

lógica concebem homens e mulheres como polos opostos que só podiam se relacionar<br />

dentro de uma lógica de dominação-submissão (BUTLER, 2003; OLIVEIRA, 2012).<br />

A possibilidade de insubordinação das mulheres é encarado com<br />

preocupação pelo Ocidente. Desde Aristóteles (384 a. C. – 322 a. C.) é reforçado a ideia<br />

de que se forças naturais e femininas prevalecem sobre forças masculinas, o processo de<br />

geração resultará na produção de corpos monstruosos. Este pensador assim como,<br />

outros filósofos exerceram grande influência no imaginário cristão europeu, mantendo<br />

no centro de suas teorias a lógica dicotômica e hierárquica. Aristóteles (384 a. C. – 322<br />

a. C.), afirmava que o conhecimento racional era a mais elevada conquista humana, e<br />

que apenas os homens eram capazes de alcançar, e as mulheres enquanto presas ao<br />

emocional e passiva de suas funções corporais. A concepção pecaminosa do corpo<br />

feminino aparece na ideia de Santo Agostinho (354 d. C. – 430) influenciado por pelos<br />

enunciados de Paulo apóstolo, culpando as mulheres (descendentes de Eva) pela ruína<br />

do homem. Os homens refletem o Espírito de Deus no corpo e na alma. A mulher<br />

diferentemente, possui reflexos de Deus apenas na alma, pois seu corpo constituí<br />

obstáculo ao exercício da razão (WILSHIRE, 1997).<br />

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