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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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1 INTRODUÇÃO<br />

Uma reflexão sobre a educação para as relações étnico-raciais e o trabalho<br />

docente na Educação Infantil, a partir do uso das tecnologias digitais, temática da Mesa<br />

que ensejou a escrita deste texto, remete-nos para uma discussão em torno da formação<br />

deste/a profissional. Este será o foco das discussões, pressupostas pelo argumento de<br />

sua relevância na problematização, negação e superação do referencial eurocêntrico e<br />

homogeneizante difundido pelo currículo escolar no Brasil e que opera como construtor,<br />

reforçador e/ou reprodutor de vários estereótipos relativos ao povo negro.<br />

Com inspiração em Sant’Ana (2005, p. 65), entendemos o estereótipo como<br />

manifestação comportamental, prática do preconceito, que tem o objetivo de “(1)<br />

justificar uma suposta inferioridade; (2) justificar a manutenção do status quo; e (3)<br />

legitimar, aceitar e justificar: a dependência, a subordinação e a desigualdade”.<br />

Os estereótipos são produto social, fruto das relações estabelecidas entre os<br />

indivíduos, determinados sociologicamente, porque são visões construídas nas relações<br />

sociais. Ademais, são constituintes de nossa memória 42 sobre um indivíduo ou grupo de<br />

indivíduos. Eles também nos permitem reconstruir a memória que temos das pessoas,<br />

alterando a realidade na qual está inscrito de modo “que est[a]s se encontrem de acordo<br />

com o estereótipo que já se detém” (LIMA, 1997, p. 3).<br />

Estudos realizados no Brasil mostram que os estereótipos 43 são os mais<br />

recorrentes em relação à representação sobre o negro em nossa sociedade. Afinal,<br />

conforme Gahagan (1980, p. 70) nos explica,<br />

Um estereótipo é uma super generalização: não pode ser verdadeiro para<br />

todos os membros de um grupo [...]. O estereótipo é, provavelmente, muito<br />

inexacto como descrição de um dado sujeito [...], mas não dada qualquer<br />

outra informação, constitui uma conjectura racional. Um desses traços levaria<br />

então à inferência de outros traços [...].<br />

42 Sobre memória coletiva ver Le Goff (1994).<br />

43 A exemplo de Schwarcz (1993), dentre outros.<br />

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