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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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Discutindo o gênero como uma paródia, sendo esta uma paródia não<br />

convencional, na qual existe uma cópia imitando um original, uma vez que, Butler<br />

propõe que a imitação é, por si mesma, também um original.<br />

Em certo momento da narrativa, percebe-se que não apenas a personagem<br />

principal apresenta a postura de dissociação de sexo e gênero. Woolf traz à luz que não<br />

há extraordinariedade em meio à normalidade. Os indivíduos que formam a sociedade<br />

são constituídos de multiplicidades quanto ao gênero e, principalmente, à sexualidade.<br />

Um desses exemplos se apresenta na personagem da Arquiduquesa Harriet Griselda de<br />

Finster-Aarhorn e Scand-op-Boom, que se aproxima de Orlando, quando a personagem<br />

ainda é homem, e o seduz, apaixonando-se por ele (WOOLF, 1978, p. 62-65). Mais a<br />

frente, quando Orlando já sofrera a mudança de gênero, descobre-se que na verdade<br />

Harriet era o Arquiduque Harry, que novamente declara-se, propondo-lhe compromisso<br />

(WOOLF, 1978, p. 98-100). Harry em nenhum momento parece desconfortável em<br />

assumir que havia se vestido de mulher para conquistar Orlando, e muito menos em<br />

declarar, de forma efusiva, que estava apaixonado. Essa possível confusão de gêneros,<br />

faz parecer uma teorização da própria autora de que gente se apaixona por quem for e<br />

que não existem regras, moralismo religioso, vergonhas próprias e alheias, convenções,<br />

amarras, tabus que sirva de impedimentos pelo simples despertar do desejar ou do amar.<br />

(...) os espectros de descontinuidade e incoerência, eles próprios só<br />

concebíveis em relação a normas existentes de continuidade e coerência, são<br />

constantemente proibidos e produzidos pelas próprias leis que buscam<br />

estabelecer linhas causais ou expressivas de ligação entre o sexo biológico, o<br />

gênero culturalmente constituído e a "expressão" ou "efeito" de ambos na<br />

manifestação do desejo sexual por meio da prática sexual. (BUTLER, 2003,<br />

p. 38)<br />

Woolf levanta sua maior defesa no que se pode entender como o que melhor<br />

corrobora com a Teoria Queer e, principalmente, com a performatividade de gênero de<br />

Butler no trecho em que discorre sobre a diferença dos sexos momentos antes de iniciar<br />

a alternância na performance homem/mulher.<br />

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