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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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percebemos que o “Ensaio” nos apresenta, em harmonia com o segundo “Discurso”,<br />

uma mesma história sob um duplo aspecto conforme aponta Jean Starobinski: “O<br />

Discurso sobre a desigualdade insere uma história da linguagem no interior de uma<br />

história da sociedade; inversamente, o Ensaio sobre a origem das línguas introduz uma<br />

história da sociedade no interior de uma história da linguagem” (STAROBINSKI,<br />

1991, p. 310).<br />

3. A DIFERENCIAÇÃO DAS LÍNGUAS<br />

Através da filosofia rousseauniana, vimos que a sociabilidade humana não é<br />

algo natural, pois na origem da história da humanidade não havia a sociedade, tornamonos<br />

sociáveis graças à perfectibilidade que é inerente ao homem desde sua origem. Da<br />

mesma forma, compreendemos que a fala humana, também não é natural, pois como já<br />

vimos os primeiros homens não tinha a mínima necessidade de exercer a fala estando<br />

em perfeita sintonia com a natureza ouvindo apenas à sua voz. O desenvolvimento da<br />

fala nos seres humanos também é resultado da perfectibilidade que para Rousseau era<br />

como se fosse um dom natureza herdado pelo ser humano, que cujos efeitos irão se<br />

manifestar paulatinamente, através de condições excepcionais que promoverão o<br />

desenvolvimento das faculdades virtuais (STAROBINSKI, 1991).<br />

No “Discurso sobre a desigualdade” Rousseau supôs que alguns seres<br />

humanos, se afastando do habitat temperado, encontraram dificuldades climáticas que<br />

acabaram os obrigando a lutar contra a natureza que os cercavam, obrigando a<br />

perfectibilidade que estava adormecida, despertar da potência ao ato. “A inteligência, a<br />

técnica, a história tem origem no contato com o obstáculo, quando o homem deixa a<br />

tepidez constante da floresta primitiva e se encontra exposto a “verões ardentes” ou a<br />

“invernos logos e rudes”” (STAROBINSKI, 1991, p. 310). No “Ensaio sobre a origem<br />

das línguas”, Rousseau apresenta uma ideia bastante semelhante, porém de maneira<br />

mais simbólica através da diferença das estações: “Aquele que quis que o homem fosse<br />

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