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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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feminino. Essa tentativa de controle é social e também política. É uma forma de<br />

(re)afirmar que a mulher deve obediência ao marido, uma figura masculina.<br />

O poeta pretende perpassar ao seu público qual é o modelo aceitável de<br />

comportamento. Através da citação anterior de Bakhtin, podemos perceber que o<br />

epigrama é escrito por alguém, isto é, procedido por um indivíduo, no caso o poeta<br />

latino Marcial e o epigrama é destinado a um outro alguém, a um outro indivíduo ou a<br />

uma coletividade. Em nosso caso, pode vir a ser os dois: tanto o epigrama se dirige a um<br />

alguém (a matrona), bem como a uma coletividade (aos indivíduos que compunham a<br />

sociedade romana dos dois primeiros séculos).<br />

Portanto, o epigrama e as palavras utilizadas no constructo do mesmo<br />

possuem uma relação que perpassa o social. Há uma relação do poeta/autor com o<br />

público que terá acesso a tal literatura. O poeta pretende inserir na sociedade o seu<br />

pensamento, isto é, a sua forma de pensar, mediante o seu escrito literário, sendo que<br />

esta narrativa literária estará permeada por uma ideologia, uma ideologia que será do<br />

escritor. Tal ideologia é, em nossa opinião, a tentativa de manter uma relação de<br />

dominação sobre o feminino.<br />

A difusão do pensamento do escritor na sociedade é fazer com que a sua<br />

ideologia “atinja” o populus romanus 158 e, assim, influenciar a maneira de pensar dessa<br />

população, com o objetivo de que esta última também reprove as atitudes da matrona<br />

que comete adultérios e que não seja obediente a “boa moral”.<br />

A palavra usada pelo poeta apresentará uma ideologia, logo, em nosso<br />

entendimento, ao utilizar a palavra em uma narrativa literária, o autor promove um<br />

discurso que pretende estabelecer uma posição de dominação na sociedade, ou seja, de<br />

uma aristocracia masculina que o mesmo está vinculado, em que a mulher casada<br />

deveria respeitar as normas morais que eram estabelecidas por esse grupo masculino.<br />

Bakhtin afirma que “o m<strong>ate</strong>rial privilegiado da comunicação na vida<br />

cotidiana é a palavra. É justamente nesse domínio que a conversação e suas formas<br />

discursivas se situam” (BAKHTIN, 2009, p. 37). De acordo com Bakhtin então,<br />

158 População romana<br />

1287

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