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II Simpósio- artigos agrupados Editado ate pagina 1035

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período, já que, em nosso entendimento, se as palavras são usadas para coibir uma certa<br />

prática da mulher, é de se pensar que esta atitude estaria a modificar – mesmo que de<br />

maneira momentânea ou não – as relações “normativas” sociais que eram consideradas<br />

ideais por parte do grupo social dos poetas que era uma aristocracia masculina.<br />

Fazemos tal afirmação amparado na visão de Bakhtin, pois “a palavra é<br />

capaz de registrar as fases transitórias mais íntimas, mais efêmeras das mudanças<br />

sociais” (BAKHTIN, 2009, p. 42). Isto é, as práticas que as matronas, que eram casadas,<br />

mantinham fora do ambiente do lar, consideramos como uma mudança social no seio<br />

daquela sociedade, em que a mulher, na visão dos poetas, deveria apenas se dedicar aos<br />

cuidados e afazeres domésticos, e obedecer ao marido, não cometendo adultérios.<br />

A mudança social pode ser percebida, pois as mulheres se utilizam de<br />

resistências em contraste ao poder exercido pela aristocracia romana masculina que<br />

tenta ditar como as mesmas devem se comportar. Ao estabelecer relacionamentos<br />

extramaritais, a matrona rompe com o modelo social que lhe era imposto e põe uma<br />

evidência de mudança de comportamento social.<br />

Se os textos aristocráticos latinos tendiam a estabelecer como a mulher<br />

casada deveria se comportar e difunde normas de conduta, significa dizer que havia uma<br />

prática por parte da mulher casada de rompimento dessas normas ou, pelo menos, tais<br />

normas não estavam sendo seguidas. Portanto, uma “quebra” desse modelo social pode<br />

ser percebida. Logo, entendemos que há uma mudança social, mesmo que de maneira<br />

sutil.<br />

Desse modo, há uma “influência poderosa que exerce a organização<br />

hierarquizada das relações sociais sobre as formas de enunciação... no processo de<br />

explicitação dos principais modos de comportamento” (BAKHTIN, 2009, p. 44-45).<br />

Isto é, a aristocracia masculina romana estaria, se considerarmos uma posição<br />

hierárquica, em controle do exercício de poder, sendo capaz, portanto, de remeter em<br />

seus discursos, através das sátiras literárias, o que deve ser seguido e o que não deve ser<br />

seguido.<br />

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