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primitivas, ocorreram porque: “As do sul tiveram de ser vivas, sonoras, acentuadas,
eloquentes e frequentemente obscuras, devido a energia. As do norte surdas, rudes,
articuladas, gritantes, monótonas e claras, devido antes à força das palavras do que a
uma boa construção” (ROUSSSEAU, 1978 p. 185).
Portanto, podemos compreender que se as necessidades físicas afastaram os
seres humanos, novas necessidades advindas da moral e das paixões os reuniram. Para
que estas últimas aparecessem, operaram-se “acidentes da natureza”, através de
fenômenos cataclísmicos, ou simplesmente cíclicos como as quatro estações em sua
sucessão. Foi através da fogueira ou da fonte, recursos bastante simples no confronto do
homem contra a natureza, que se estabeleceram os primeiros lugares de reunião. E foi
da reunião que nasceu a necessidade de comunicação, isto é, a linguagem desenvolvida.
3. A MUSICALIDADE
A fala humana nasceu por conta das necessidades morais e das paixões.
Com efeito, a primeira língua da humanidade era dotada de vogais com pouquíssimas
articulações e apenas algumas consoantes a fim de evitar hiatos. No princípio, língua e
música se confundiam, no lugar de falar os seres humanos cantavam. Na medida em que
os acentos, isto é, as ênfases melodiosas, iam desaparecendo da linguagem, os acentos
eram substituídos por combinações gramaticais e novas articulações de maneira que
língua se separou da música, e se tornou um instrumento claro e eficaz, mais apropriado
para veicular ideias do que sentimentos. A partir de então, a linguagem passa a
significar o objeto e deixa de exprimir o sujeito.
A partir do momento que as necessidades artificiais cresceram, a linguagem
humana foi se tornando mais racional e menos apaixonada. Nesse momento a escrita
apareceu como forma de linguagem, de maneira que esta se incumbiu de registrar o
processo de evolução da língua, através de três maneiras: a representação dos objetos, a
representação das palavras por caracteres e a representação das partes elementares das
palavras através da articulação das letras (mais precisamente as vogais) para combiná-
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