02.04.2017 Views

Curso de Direito Constitucional

Este Curso se tornou, desde a sua primeira edição em 2007, um êxito singular. O Prêmio Jabuti de 2008 logo brindou os seus méritos e antecipou a imensa acolhida que vem recebendo pelo público. A vivência profissional dos autores, o primeiro, como Ministro do Supremo Tribunal Federal, e o segundo, como membro do Ministério Público experimentado nos afazeres da Corte, decerto que contribui para que este livro esteja sempre atualizado. Nessa nova edição, a estrutura básica do livro foi mantida e o texto foi colocado em dia com a legislação e a jurisprudência mais recente. Sem esquecer, é claro, de novas inserções de doutrina.

Este Curso se tornou, desde a sua primeira edição em 2007, um êxito singular. O Prêmio Jabuti de 2008 logo brindou os seus méritos e antecipou a imensa acolhida que vem recebendo pelo público. A vivência profissional dos autores, o primeiro, como Ministro do Supremo Tribunal Federal, e o segundo, como membro do Ministério Público experimentado nos afazeres da Corte, decerto que contribui para que este livro esteja sempre atualizado. Nessa nova edição, a estrutura básica do livro foi mantida e o texto foi colocado em dia com a legislação e a jurisprudência mais recente. Sem esquecer, é claro, de novas inserções de doutrina.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

adversários potenciais da Revolução. O Judiciário era tido como<br />

órgão <strong>de</strong>stinado a realizar a aplicação mecânica da lei, por meio<br />

<strong>de</strong> um silogismo, no qual a premissa maior era a lei, e a menor, os<br />

fatos, daí redundando uma conclusão única e inexorável — a <strong>de</strong>cisão<br />

judicial.<br />

A prática revolucionária concordava com Montesquieu, que<br />

reduzia o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> julgar à condição <strong>de</strong> “instrumento que pronuncia<br />

as palavras da lei” 33 . Dominava a concepção <strong>de</strong> que “nenhum<br />

juiz tem o direito <strong>de</strong> interpretar a lei segundo a sua própria vonta<strong>de</strong>”<br />

34 .<br />

O princípio da separação dos Po<strong>de</strong>res atuava para constranger<br />

o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> julgar a uma posição <strong>de</strong> menor influência. Era<br />

impensável que se postulasse perante uma corte <strong>de</strong> justiça a efetivida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um cânone constitucional; ao juiz não cabia censurar<br />

um ato do parlamento.<br />

A subordinação do Judiciário ao Parlamento, do ponto <strong>de</strong><br />

vista funcional, é notável. Uma manifestação expressiva disso é a<br />

criação, na França, do instrumento do référé législatif, por uma lei<br />

<strong>de</strong> 1790, somente abolida em 1837 35 .<br />

Por meio do référé législatif, remetia-se ao Legislativo a interpretação<br />

<strong>de</strong> um texto obscuro <strong>de</strong> alguma lei. A Constituição <strong>de</strong><br />

1791, acolhendo o instituto, dispunha que, se uma interpretação<br />

da lei fosse atacada por três vezes em um tribunal <strong>de</strong> cassação,<br />

este <strong>de</strong>veria submetê-la ao corpo legislativo, que emitiria um <strong>de</strong>creto<br />

<strong>de</strong>claratório da lei, vinculante para o tribunal <strong>de</strong> cassação.<br />

Havia, portanto, uma interferência direta do Parlamento até no<br />

mais alto tribunal, sob o pretexto <strong>de</strong> preservar a vonta<strong>de</strong> do povo,<br />

como expressa por seus legítimos representantes, os seus <strong>de</strong>putados.<br />

A tarefa <strong>de</strong> interpretar a lei é, assim, vista como consubstancial<br />

à função legislativa.<br />

O controle judicial <strong>de</strong> constitucionalida<strong>de</strong> das leis seria,<br />

nessa conjuntura, tão teratológico que nem sequer se estimou necessária<br />

a sua proibição específica, bastando a vedação genérica,<br />

imposta em outros preceitos normativos e <strong>de</strong> constituições da época,<br />

a que o juiz <strong>de</strong>ixasse, por qualquer motivo, <strong>de</strong> conferir aplicação<br />

às leis 36 .<br />

68/2051

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!