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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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conflito uns com os outros, são incomensuráveis, quer dizer, não é possível hierarquizá-los por uma<br />

medida racional. O compromisso, o equilíbrio, a moderação e o convívio descentralizado entre<br />

diferentes modos de vida são virtudes do pluralismo de BERLIN».<br />

E ainda: «(...) BERLIN tinha temas favoritos, que desenvolvia e revia nos seus escritos. Grande parte da<br />

sua obra desenvolve a sua visão liberal da sociedade e o seu conceito de pluralismo, que via como um<br />

valor em si, em contraste com a visão relativista dos valores. Outra parte significativa da sua obra é<br />

dedica-da à história do Iluminismo e à chamada revolta romântica contra as Luzes.<br />

BERLIN conservava-se fiel a uma ideia central do Iluminismo: o esclarecimento do mundo através de<br />

um inquérito racional. Mas BERLIN admirava igualmente a crítica romântica <strong>ao</strong> que considerava<br />

excessos deterministas do Iluminismo, nomeadamente a pretensão de determinar toda a actividade<br />

humana através de uma visão única e racional da história. A obra <strong>deste</strong> pensador oscila entre o<br />

entusiasmo pelas ideias iluministas, nomeadamente, as do empirista céptico DAVID HUME (1711-<br />

1776), e a descrição exaltada das ideias de adversários do racionalismo, nomeadamente, do filósofo<br />

napolitano GIAMBAT-TISTA VICO (1668-1744), do alemão JOHANN G. HERDER (17744-1803), e<br />

mesmo do filósofo místico JOHANN HAMANN (1730-1788). (Etc.)».<br />

E a propósito da Antítese chamada das «Duas Culturas», da autoria do inglês C.P. SNOW (1905-<br />

-1980) — ou seja, como o enuncia o título de um <strong>texto</strong> de NUNO CRATO (Expresso-Revista de 18 de<br />

Se-tembro de 1999, pág. 124 e seguintes), o «Divórcio entre as Ciências e as Humanidades» —, pode<br />

<strong>ler</strong>-se no mesmo que:<br />

«(...) BERLIN vê no romantismo e no que chama “a revolta romântica contra o Iluminismo” uma<br />

reacção saudável <strong>ao</strong> programa racionalista. Vê nessa revolta, sobretudo, um movimento libertador<br />

da sociedade, que deverá pois organizar-se num modelo pluralista e não em modelos totalitários,<br />

derivados da convicção de se ter alcançado a resposta racional que todos deveriam seguir.<br />

BERLIN distingue dois campos diversos da actividade humana: o conhecimento científico da Natureza<br />

e a actividade política, social e artística. No primeiro, haverá o respeito pela realidade; no segun-do, o<br />

respeito pelo pluralismo dos valores.<br />

“Somos filhos dos dois mundos”, diz BERLIN, referindo-se <strong>ao</strong> Iluminismo e <strong>ao</strong> Romantismo.<br />

Mas, enquanto SNOW lamentava a divisão das culturas, BERLIN acentua que ambas nos enriquecem.<br />

Talvez o reconhecimento da sua dissemelhança seja, afinal, uma grande conquista do nosso século».<br />

E ainda num <strong>texto</strong> de PAULO NOGUEIRA, no Cartaz-Expresso de 2/10/99, pág. 31, pode <strong>ler</strong>-se, sob o<br />

título Sir Raposa, a seguinte passagem sobre aquele mesmo filósofo:<br />

«(...) Afinal, BERLIN achava que o maior desafio da humanidade era criar uma sociedade que<br />

respeitasse o pluralismo das ideias e estilos de vida — nem a filosofia, nem a força bruta, podiam<br />

resolver os conflitos de valores. Contudo, o seu pluralismo nunca se reduziu a uma dócil adulação da<br />

variedade e, muito menos, <strong>ao</strong> cinismo pós-moderno do relativismo todo-o-terreno. Pelo contrário,<br />

insistia em que, sejam quais forem os valores que perfilhemos, será sempre à custa de outros valores<br />

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