20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

medida dominadas pelo económico e pelo tecnológico-científico, em que são exponenciados os riscos e<br />

a insegurança de uma sociedade técnica e aberta) algum grau ineliminável de enterprise association,<br />

como de resto o próprio JOHN GRAY é levado a reconhecer no mesmo local referido.<br />

Mas estamos contudo inteiramente de acordo com este último autor no ponto em que decisiva é a nossa<br />

herança histórica de uma sociedade civil liberal, como uma estrutura complexa de práticas e de<br />

instituições, abrangendo um sistema de propriedade pluralista ou privada, a regra do Direito (rule of<br />

law) e não apenas da lei, limitações constitucionais ou tradicionais à autoridade do Estado (government)<br />

e uma tradição moral e jurídica de individualismo, ou personalismo, que é a matriz da vida política e<br />

moral tal como a conhecemos. É esta sociedade civil liberal (mais do que propriamente a democracia<br />

liberal referida por FUKUYAMA) que foi teorizada, de modos diferentes, por HOBBES, LOCKE e<br />

HUME; é ela que é constitutiva das nossas mais fundamentais tradições ocidentais e que está talvez a<br />

começar a afirmar-se em estados (como a ex-União Soviética e a China) onde era fraca ou reprimida. A<br />

tarefa do teórico «pós-liberal» é, pois, como o diz JOHN GRAY, iluminar as formas da civil association<br />

que são os mais profundos elementos da nossa melhor herança histórica.<br />

g) — Na sua obra mais recente — Enlightenment´s Wake: Politics and Culture at the Close of the<br />

Modern Age, 1995, referida na bibliografia anexa —, JOHN GRAY completa o processo das suas obras<br />

anteriores (ver bibliografia anexa), um processo de uma década de pensamento sobre o liberalismo, na<br />

continuidade de uma compreensão histórica da prática liberal, em que as instituições centrais da<br />

sociedade civil liberal real (propriedade privada ou pluralista, mercados, rule of law, limites<br />

tradicionais ou constitucionais à autoridade do Estado, etc.) são teorizadas como sendo geralmente<br />

veículos apropriados para a protecção e promoção do bem-estar humano nas circunstâncias da<br />

modernidade tardia, mas também na renovada crítica do projecto global do Iluminismo, tanto na sua<br />

versão fundamentalista-liberal (de que destaca, logo no primeiro <strong>texto</strong>, a obra do liberalismo kantiano<br />

de JOHN RAWLS, seguido por RONALD DWOR-KIN e BRUCE ACKERMAN, criticando sobretudo<br />

a sua ideia central de uma «pessoa abstracta», concebida como uma mera «cifra», desencarnada e<br />

desinserida de concretos con<strong>texto</strong>s sociais e comunitários), como na sua versão comunitarista (de que é<br />

exemplo iluminista paradigmático o Marxismo, no seu projecto de criar uma forma de vida comunal de<br />

que estivessem completamente ausentes as práticas de exclusão e de subordinação que são constitutivas<br />

de qualquer comunidade em que os seres humanos sempre têm vivido), sendo esta última também<br />

criticada por <strong>fazer</strong> da «comunidade» uma «cifra» abstracta análoga à de RAWLS. E destaca, como<br />

exemplar, o liberalismo de JOSEPH RAZ, salientando, também agora, que a «... autonomia é uma<br />

condição vital do bem-estar humano» e suportará, tanto as imunidades e liberdades negativas do<br />

liberalismo clássico, como os direitos positivos de welfare; embora a autonomia só tenha valor num<br />

ambiente que seja rico em opções dignas de escolha, o que implicará um ambiente cultural contendo<br />

uma medida decente de bens públicos inerentes, bens que são portanto partes constitutivas de formas de<br />

vida dignas. <strong>Um</strong> Estado liberal, de acordo com RAZ, não pode ser um Estado neutral àcerca da vida<br />

243

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!