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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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“Objecto”, deixou de ser um problema. O problema passa a ser a “Constituição do Sujeito”. Pela aceita-<br />

ção radical da “relação <strong>ao</strong> objecto perdido”. Nesse “lugar” funda-se a comunicação simbólica, que “não<br />

é” da ordem de “reunião”, e por esse “lugar” gera-se o itinerário de pensamentos que leva à Indagação e<br />

a Édipo».<br />

E mais à frente, na mesma obra, AMARAL DIAS explica, talvez melhor, esta passagem:<br />

«(...) A expressão do inconsciente faz-se pelo negativo que é a insatisfação, e exprime-se por uma<br />

panóplia sintomatológica onde FREUD paradigmatiza este negativo, sob a forma de um sintoma que passa<br />

pelo lapso até à formação reactiva. Na 1ª. tópica é evidente esta estrutura da fala do sujeito como o<br />

negativo onde o inconsciente emerge. Com a 2ª. tópica, FREUD introduz a teoria da pulsão de morte e o<br />

conceito de Desamparo (Hilflosigkeit). Estes conceitos introduzem um negativo ainda mais radical que é<br />

este Negativo Essencial do Sujeito Humano, que é a sua própria Falta e a sua própria Condição de<br />

Desamparo, cuja relação com a estruturação do sujeito e do objecto se faz num duplo registo; primeiro<br />

trata-se de poder Matar a Relação Objecto-Objecto como Condição da Emergência Simbólica e, em<br />

segundo, Fundar assim a Liberdade do Sujeito e nesse sentido o aforismo sobre o qual tenho vindo a<br />

trabalhar que é o seguinte: O Desamparo, o Hilflosigkeit, é a Condição e a Constituição do Sujeito faz<br />

com que a Liberdade seja a Condenação. Neste sentido, a relação entre o SER e o NADA é clara na 2ª.<br />

tópica e permite compreender de uma forma muito mais ampla a ideia de SARTRE de que o Homem é um<br />

ser Condenado à Liberdade e esta Condenação à Liberdade é finalmente a Condenação do Sujeito <strong>ao</strong> seu<br />

Próprio Itinerário, à sua Própria Estrutura Indagatória, à sua Própria Indagação».<br />

E noutro lugar, lê-se expressamente o seguinte, ainda pela pena de AMARAL DIAS — o que, quanto<br />

a nós, desautoriza, definitivamente, «certa crítica», que já lhe vimos ser feita de, certamente, não ter «li-<br />

do», ou não ter «levado na devida conta», HEIDEGGER:<br />

«A Psicanálise passa a ser a Ciência do Negativo, mas mais ainda, a Disciplina do Insuportável e<br />

pas-sa a ser o Lugar onde Disciplinamos a “Relação com o Insuportável”. Poderia dizer seguramente que<br />

FREUD pega bem na questão kantiana. Enquanto nesta a realidade era transcendental e por isso aquilo<br />

que resta é elaborá-la, para FREUD, é a “Morte” que é “Transcendental” e aquilo que resta é elaborá-la<br />

através da “Vida”. A condição heideggeriana de que o homem é um “Ser Para a Morte”, está no primei-<br />

ro plano do discurso freudiano desse momento».<br />

O que é, talvez, melhor explicado noutro lugar da mesma obra:<br />

«(...) Aquilo de que estamos a falar é sobre a espessura entre o ser e o não-ser. A espessura entre o<br />

Ser e o Não Ser é da mesma densidade que a espessura entre a coisa e a não-coisa. Quanto mais se afirma a<br />

coisa mais se não é. Quanto mais existe uma relação com a qualidade primária da coisa e apenas com a<br />

qualidade primária, mais a ordem abstractiva nos fundamenta como ser. A relação entre o ser e o não-ser é<br />

da mesma tensão epistemológica que a relação entre a coisa e a não-coisa. E até digo mais, é por esta<br />

singularidade que se reformula a filosofia em psicanálise. O que é ser ? A questão ontológica volta a<br />

ocupar um lugar essencial no pensamento clínico, mas agora deixou de ser um problema filosófico. Em<br />

LACAN, o ôntico é filosófico e, nem podia deixar de o ser, uma vez que parte de HEGEL e este parte da<br />

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