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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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«(...) Toda a gente vê que é impossível viver com as mesmas instituições perante um gigantesco<br />

mercado global. E é essa exactamente a razão por que penso que o neoliberalismo está acabado e que até as<br />

pessoas que o defendiam reconhecem que é assim e falam hoje de “governância” e de responsabilidade. O<br />

termo “Terceira Via” é um sinal para um novo debate político. É muito inportante que seja visto como<br />

uma espécie de radicalismo ...».<br />

E, na mesma entrevista, tendo-lhe sido perguntado:<br />

«Em <strong>livro</strong>s anteriores fala do radicalismo de centro. Que conceito é este ? Não será o mesmo que<br />

reformismo, apesar da diferença semântica ?» — GIDDENS respondeu:<br />

«É o oposto. Já não temos de nos preparar para as mudanças, porque estamos em plena mudança. A<br />

todos os níveis e nas coisas mais banais: na relações homem-mulher, nas relações global-local, na<br />

emergência da informação como o principal meio de produção, na emergência da economia electrónica.<br />

Não há hoje nenhuma instituição que não esteja a ser posta em causa por estas mudanças.<br />

Chamo-lhes “instituições-concha” porque todas elas foram criadas em condições que deixaram de existir.<br />

Radicalismo significa olhar para a forma como podemos reconstruir essas instituições. Radicalismo,<br />

para mim, não significa apenas limitarmo-nos à divisão habitual entre esquerda e direita. Continuo a pensar<br />

que essa divisão ainda é importante, mas é um êrro tentar forçar cada debate político a encaixar nesta<br />

divisão».<br />

Tendo-lhe, mais adiante, sido perguntado se pensava que «...o caminho para as sociedades europeias é<br />

americanizarem-se ?» — respondeu:<br />

«Não, não. Mas não devíamos ter medo de aprender com as coisas que têm sucesso na sociedade<br />

americana. Por exemplo, por mais estranho que isso nos pareça, eles têm muito melhor planeamento<br />

económico do que nós, embora não seja um planeamento nacional, mas regional. Há outros exemplos e<br />

seria estúpido da nossa parte não aprender o que eles têm de bom.<br />

Mas isso não é o mesmo que adoptar o modelo americano, porque não queremos aquela espécie de<br />

desigualdade. O nosso problema, no Reino Unido, é demasiada desigualdade, em comparação com os<br />

alemães, por exemplo».<br />

E continuou, dissertando sobre uma necessária «mudança de conceitos»:<br />

«(...) A grande batalha já não é entre classes, mas entre o fundamentalismo contra o cosmopolitismo.<br />

O fundamentalismo não é apenas religioso, mas, enquanto forma de abordar os valores culturais, pode ser<br />

regional, nacional ou étnico.<br />

O que tentamos <strong>fazer</strong> na Europa é criar uma nova forma de governação que é verdadeiramente<br />

cosmopolita. Por isso a União Europeia é tão importante, constituindo hoje uma espécie de experiência<br />

pioneira para todo o mundo. Completamente diferente das Nações Unidas, que representam a organização<br />

dos Estados e se baseiam no princípio inalienável da soberania nacional.<br />

A UE é uma tentativa para os Estados abandonarem a soberania, não a favor de um Super-Estado,<br />

mas a favor de uma realidade descentralizada que é capaz de reconhecer a diversidade cultural e<br />

regional.<br />

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