20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A Verdade Estratégica. Em ditadura, pergunta-se quem manda. Em democracia, pergunta-se quem<br />

decide. Na ordem política do centrismo, com o seu correlato que é o corporativismo, apenas se pergunta<br />

quem sobrevive. Mas como as sociedades modernas são abertas e competitivas, não será possível, mesmo a<br />

quem sobrevive com estes métodos de proteccionismo corporativo, gozar por muito tempo o seu privilégio.<br />

É urgente voltar a perguntar quem decide. É preciso que o debate político volte a ser contrastado,<br />

sendo essencial que à diferença entre esquerda e direita se junte o novo discriminante estratégico, que<br />

distingue entre a óptica interior (proteccionista e estatista) da óptica exterior (competititiva e com sentido de<br />

risco, sem seguranças artificiais que, em qualquer caso, não podem ser sustentadas porque não haverá<br />

recursos financeiros para isso)».<br />

Ainda sobre os «equívocos» da política actual, veja-se, do mesmo autor, o <strong>texto</strong> intitulado O equívoco<br />

orçamentado, na pág. 25 do mesmo semanário (caderno principal), de 14 de Dezembro de 1996.<br />

E sobre os malefícios fatais dos corporativismos (distinguindo um corporativismo de produção, de<br />

origem medieval, e um corporativismo de distribuição, «... mais moderno e mais sofisticado», que se<br />

estrutura «... em torno do Estado e em função das políticas públicas e dos seus financiamentos...») veja-se,<br />

ainda do mesmo autor, o <strong>texto</strong> intitulado Corporativismos e Democracia, na pág. 23 do mesmo semanário<br />

(caderno principal), de 7 de Junho de 1997. Ou ainda o <strong>texto</strong> intitulado O sono da razão, no mesmo<br />

semanário, mas de 6 de Dezembro de 1997 (pág. 25), onde se denuncia o «silêncio das sociedades<br />

adormecidas» que, por toda a Europa e também em Portugal, se estão mostrando incapazes de <strong>fazer</strong> frente<br />

<strong>ao</strong>s «efeitos da globalização», da «demografia» (que «aumenta os grupos etários envelhecidos dependentes e<br />

diminui o número de activos geradores de rendimentos») e <strong>ao</strong> «facto de a Europa ter perdido a posição de<br />

supremacia no mundo que deteve durante cinco séculos», o que tudo gera «tensões» e «sinais de<br />

inviabilidade», sendo «... este adormecimento das sociedades europeias que aparece como o principal factor<br />

de bloqueamento dos horizontes do futuro», pelo que: «(...) É a ocultação da realidade dos bloqueamentos,<br />

ou mesmo das inviabilidades, pela própria retórica das promessas que adormece as sociedades, e o sono da<br />

democracia só poderá engendrar monstros. Mesmo que se diga a verdade, ninguém quererá acordar, cada<br />

um continuará refugiado na sua ilusão. Para que serve o poder, nestas condições de silêncio da democracia,<br />

de sono da razão ?».<br />

E continuando-nos a referir ainda <strong>ao</strong> mesmo analista político, JOAQUIM AGUIAR, não deixa de ser<br />

interessante o <strong>texto</strong> em que, uns tempos depois, no semanário Expresso de 1 de Maio de 1998, sob o título A<br />

“ditadura da minoria”, se refere <strong>ao</strong> carácter irónico e paradoxal do conceito oposto de ditadura da maioria<br />

(que recorda ser da autoria de MÁRIO SOARES, quando era Presidente da República, a propósito das<br />

«maiorias absolutas» de CAVACO SILVA), concluindo assim:<br />

«(...) Em democracia, não interessa quem governa, mas sim como se governa. Quando se dá mais<br />

importância <strong>ao</strong> “quem” do que <strong>ao</strong> “como” abre-se o campo <strong>ao</strong> paternalismo do poder e <strong>ao</strong> infantilismo dos<br />

povos. E a ter que ser assim — como, obviamente, está a ser —, <strong>ao</strong> menos que haja uma atribuição clara de<br />

responsabilidades: ironia por ironia, antes a “ditadura da maioria”, que identifica responsáveis, do que a<br />

“ditadura da minoria”, que justifica vítimas. A maré económica favorável encobre os rochedos, mas nem por<br />

489

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!