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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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«gratificante», ou só oferecendo, quando muito, esporádicas possibilidades de «gratificação<br />

diferida»...) — e também, por ser, essa mesma juventude, fortemente «dependente», psicologica<br />

(afectiva) e economicamente.<br />

A sua ainda «não inserção» em con<strong>texto</strong>s sociais de forte integração, ou que mais fortemente<br />

potenciam a «integração social» — o Mundo do Trabalho, por exemplo, ou o exercício efectivo e já<br />

comprometido de uma «Actividade Profissional» —, e a ausência de vínculos sociais suficientemente<br />

cor-responsabilizantes, tornam essa faixa etária um grupo (ou série diversificada de grupos)<br />

potencialmente «marginais» em relação à sociedade em geral — e até, hoje em dia, mesmo em<br />

relação à própria «Família», perante a qual o jovem, frequentemente, adopta um posicionamento de<br />

verdadeiro «Outsider» clandestino, quando não até mesmo uma «atitude global e estrutural» de<br />

flagrantes «arrogância narcísica», «confrontação crítica» e/ou «contestação», a abeirar-se da própria<br />

«ruptura»..., ou então, de claros e manifestos «desinteresse», «indiferença» e «alheamento»... —, mas<br />

sem deixarem de ser, também, esses jovens, altamente vulneráveis, humanamente.<br />

Mas essa potencial «marginalidade social juvenil» é, nos nossos dias, potenciada e ampliada pelos<br />

sistemas educativos quase exclusivamente estatizados e massificantes que temos.<br />

Enquanto não forem superados tanto o mito jacobino e revolucionário da monista e exclusiva Escola<br />

Pública, como a mania socialista de tudo uniformizar e reduzir <strong>ao</strong> mesmo padrão, i. é, de uma Escola<br />

sobredimensionada e sobrepovoada, mas unificada, padronizada, fortemente hierarquizada e<br />

centra-lizada, inserida num modelo vertical, napoleónico e monista de escala ainda moderno-<br />

industrial e de massas, dirigido a partir de um único centro estatal — o que teremos será a<br />

massificação e a desuma-nização da juventude e a potenciação da sua própria «marginalidade<br />

social», pela ausência de concretos con<strong>texto</strong>s e vínculos de responsabilidade/responsabilização, com<br />

tudo o que rodeia e acompanha essa marginalidade: desocupação e ociosidade nocivas (i. é, não-<br />

criativas), vazio existencial, carência de sentido para a vida, droga, potencial delinquência juvenil,<br />

formação de gangs rivais [cfr., por exemplo, a reporta-gem intitulada Histórias de Gangs, no Expresso-<br />

Revista de 28 de Junho de 1997, págs. 24-32; ou a que consta do mesmo Expresso-Revista, mas de 19 de<br />

Agosto de 2 000 (Nº. : 1 451, páginas 33 a 47), sob a epí-grafe: «Os Maus da Cidade»], retorno de<br />

vivências e de uma mentalidade tribais (como o diz, a este propó-sito, GILLES LIPOVETSKY,<br />

referindo-se <strong>ao</strong> «narcisismo colectivo» juvenil do «T’á-se bem...» dos nossos tempos: «on se rassemble<br />

parce qu’on est semblable», ou: «on se rassemble parce qu’on se ressemble» — apud ALAIN<br />

LAURENT, De l’individualisme, citado na bibliografia anexa), ausência de valores universais e da<br />

possibilidade de percepção dos mesmos, tendência para a conflitualidade geracional e para a<br />

incomunicabilidade intergera-cional, compulsão para a transgressão, etc. — enfim, tudo o que justifica<br />

que, depois, alguns, com maior ou menor legitimidade e propriedade, falem de juventudes... «rascas» !<br />

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