20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Criticando simultaneamente HAYEK — para quem a defesa do mercado seria (diz ESPADA ...)<br />

incompatível com um padrão uniforme de distribuição de bem-estar ou de riqueza, já que este exigiria<br />

uma autoridade central encarregada de aplicar esse padrão; e PLANT (um dos teóricos do Partido<br />

Trabalhista britânico) — para quem as necessidades básicas deveriam ser atribuídas pelo Welfare, de<br />

acordo com um princípio de igualdade democrática, já que o mercado apenas satisfaria meros desejos e<br />

preferências — ESPADA defende que os dois pensadores comungam de um erro comum:<br />

«Identificarem o problema dos direitos sociais com a questão dos padrões de distribuição». ESPADA<br />

diz que HAYEK tem razão quando afirma que uma sociedade livre, baseada em regras comummente<br />

aceites, não é compatível com um padrão de distribuição; mas a existência dessas regras pode (e deve)<br />

compatibilizar-se com a exclusão de alguns resultados, como as leis antitrust ou contra os monopólios<br />

(estas de raíz nitidamente liberal), e, assim, também como evitar a «exclusão social»: «<strong>Um</strong>a sociedade<br />

livre pode estabelecer um acordo para a constituição de uma espécie de seguro: uma rede de<br />

segurança abaixo da qual ninguém deverá recear cair. Acima dessa rede todas as posições são<br />

legítimas, desde que conquistadas por meios legais».<br />

A este respeito, o erro tradicional da Esquerda está quando inverte este raciocínio <strong>ao</strong> ponto de defender a<br />

igualdade social como objectivo. Se o pressuposto da liberdade contém o pressuposto da desigualdade,<br />

esta torna-se tão desejável quanto a «rede de segurança». A ideia a substituir e a ultrapassar é a ideia<br />

de que os direitos sociais têm a ver com padrões de distribuição.<br />

DAHRENFORF diz que ESPADA pretende, <strong>ao</strong> fim e <strong>ao</strong> cabo, «formas de quebrar a alternativa<br />

socialismo versus liberalismo, não tanto como uma terceira via», mas através de uma posição que esteja<br />

tão comprometida com «as liberdades civis como com as políticas sociais».<br />

ESPADA concorda com o seu Mestre em que a sua própria crítica <strong>ao</strong> socialismo tradicional tem mais a<br />

ver com a questão da igualdade do que com a do Welfare, que, aliás, considera ter nascido com o<br />

liberal Lord BEVERIDGE: «O problema não se deve equacionar em como vamos promover a<br />

igualdade, mas sim em como vamos evitar a exclusão. O <strong>livro</strong> é, justamente, sobre isso». A ideia não é,<br />

frisa ESPADA, «combater a desigualdade, mas impedir que alguém desça a um patamar de vida<br />

abaixo da decência. E isto, eu defendo-o por um imperativo moral, que advém da solidariedade na<br />

tradição judaico- -cristã». Assim, <strong>ao</strong> contrário do igualitarismo de PLANT, para quem poucas<br />

desigualdades são legítimas, uma vez que a regra deveria ser a da igualdade, ESPADA afirma mesmo:<br />

«Só algumas desigualdades são ilegítimas» — as que produzem «exclusão social» — e são essas e<br />

apenas essas que é preciso prevenir e evitar.<br />

Com a publicação de Social Citizenship Rights, JOÃO CARLOS ESPADA espera contribuir para um<br />

debate que recentre os direitos sociais e o Welfare numa perspectiva de absoluta compatibilidade<br />

com o mercado livre sujeito a regras e com a liberdade individual responsável, preceitos tradicionais<br />

no liberalismo. O autor talvez goste de sublinhar a palavra tradicional (ou clássico ?), no âmbito da seu<br />

anti- -relativismo, tanto mais que pensa que o liberalismo tem sido interpretado numa perspectiva<br />

nietzschiana «de que nada pode ser dito acerca de coisa nenhuma. Ou seja, de que todos os juízos<br />

173

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!