20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

6 - «Direito» (Nomos, Ivs) e «Constituição» (Thesis, Lex).<br />

Discutindo a concepção de R. WASSERMANN de «um juíz político» — o qual entende que, devendo<br />

aceitar-se que o juíz desempenha uma função política e que deverá ter consciência disso, deveria ser<br />

suprema directriz ou critério político da sua actividade jurídico-decisória exclusivamente a Constituição,<br />

o sistema de valores e a teleologia político-social consagrados normativamente nesta, uma vez que<br />

mesmo assim o juíz político se mantém no quadro do direito, que assim se confirma a passagem do<br />

Estado-de- -Direito para o Estado-de-Constituição e por isso a identificação da juridicidade com a<br />

constitucionalidade, etc. — A. CASTANHEIRA NEVES (no <strong>texto</strong> A redução política do pensamento<br />

metodológico-jurídico, local já citado, pág. 404 e segs.), depois de equacionar diversas questões críticas<br />

[entre elas a de um fundamento de validade da própria Constituição, a pôr o problema das «normas<br />

constitucionais incons-titucionais» (cfr. OTTO BACHOF, Normas constitucionais inconstitucionais ?,<br />

1951, com tradução e nota prévia de JOSÉ MANUEL M. CARDOSO DA COSTA, Atlântida Editora,<br />

1977), que remete para uma axiológico-normativa «supraconstitucionalidade»], põe a seguinte<br />

pergunta:<br />

«(...) O “juíz político” tem afinal na constituição o último ou só o penúltimo critério das sua<br />

normatividade constituenda ? E esse verdadeiro último critério, para que a própria constituição remete<br />

em intenção legitimante ou de validade, não é o de uma axiológico-normatividade transpolítica, não<br />

transcen-de ele, nesse seu sentido axiológico-normativo, a voluntas e o finalismo puramente políticos ?<br />

».<br />

Com efeito, a Constituição, como estatuto normativo positivo supremo de toda a hierarquia positiva<br />

da legalidade historicamente instituída, não é o absoluto jurídico, ou a Grundnorm, que os positivistas<br />

e os marxistas fazem dela (de resto, para KELSEN, a Grundnorm era um fundamento ou pressuposto<br />

lógico-epistemológico fora ou acima da própria Constituição), mas — àparte certos valores ou<br />

princípios materi-ais constitucionais fundamentais, verdadeiramente jurídicos, incluindo o catálogo<br />

dos «direitos funda-mentais» — apenas um concreto e positivo «arranjo» ou «estrutura<br />

organizatória» historicamente conseguidos para uma determinada comunidade política, uma super-<br />

estrutura ou armadura político-ju-rídica e institucional de relativa «organização» dessa<br />

comunidade política, que não «fecha por cima» todo o sistema jurídico (como o afirmam os positivistas<br />

e os marxistas) e que está também longe de esgo-tar todo o universo axiológico e normativo daquele<br />

métaconsciente cultural e civilizacional antes referi-do, devendo antes ser apenas vista como uma<br />

parcial, pontual e situada (espacial e temporalmente) concre-tização, ou tentativa de concretização, de<br />

apenas alguns aspectos mais relevantes desse métaconsciente, especificamente para essa concreta<br />

comunidade política, num dado tempo histórico e com carácter tran-sitório.<br />

395

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!