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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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Sob este aspecto, GRAY critica fortemente, em vários locais da sua obra, o fundamentalismo liberal do<br />

liberalismo do mercado livre [que é, essencialmente, a fase mais recente e terminal da economia neo-<br />

-clássica (MILTON FRIEDMAN, GARY BECKER, GEORGE STIGLER, JAMES BUCHANAN, etc),<br />

que FUKUYAMA diz estar correcta a, digamos, 80%, ficando de fora 20% relativos <strong>ao</strong> paradigma do<br />

comportamento humano — a respeito do qual já ADAM SMITH tinha compreendido bem que a vida<br />

económica está profundamente mergulhada na vida social e não pode ser apreendida separadamente<br />

dos costumes, da moral e dos hábitos da sociedade em que se desenvolve, i. é, que a vida económica<br />

não pode ser divorciada da Cultura; por isso que:<br />

«O discurso económico actual precisa de recuperar alguma da riqueza da economia clássica, por<br />

oposição à economia neoclássica, mostrando o modo como, em áreas fundamentais, a cultura<br />

condiciona todos os aspectos do comportamento humano, mesmo o comportamento económico. A<br />

perspectiva econó-mica neoclássica revela-se não só insuficiente para explicar a vida política — com<br />

as suas emoções prevalecentes de indignação, orgulho e vergonha —, como também não é capaz de<br />

explicar muitos aspectos da vida económica. É que nem toda a acção económica resulta do que é<br />

geralmente considerado como motivação económica» — Confiança: Valores Sociais & Criação de<br />

Prosperidade, citado na bibliografia anexa, 1996, págs. 25-33 — e a qual se opõe, tanto <strong>ao</strong> neo-<br />

mercantilismo, como <strong>ao</strong> keynesianismo e <strong>ao</strong> neo-keynesianismo, como ainda <strong>ao</strong> socialismo e/ou <strong>ao</strong><br />

marxismo, todos estes últimos favoráveis <strong>ao</strong> estatismo em economia] — que responsabiliza pela acção<br />

demolidora e desertificante que uma lógica imparável do mercado, sem limites ou incondicionado, tem<br />

exercido sobre as culturas comuns e as tradições das sociedades ocidentais, no nosso tempo,<br />

preparando o terreno, num con<strong>texto</strong> económico de rápida mudança, de exponenciada insegurança, de<br />

anomia social e de globalização, para o apareci-mento dos novos fundamentalismos e para o<br />

ressurgimento de forças atávicas totalitárias, sejam fascistas ou comunistas, que destruiriam a nossa<br />

herança histórica, que nos devemos empenhar em preservar, do ponto de vista cultural, de uma<br />

Sociedade Civil Liberal.<br />

Isto não significa, minimamente, para GRAY, pôr sequer por um momento em dúvida a centralidade e<br />

a indispensabilidade das instituições de mercado na vida económica, nas nossas sociedades, mas sim<br />

realçar a necessidade de os mercados serem condicionados e guiados por constrangimentos<br />

políticos (e culturais e normativos, diremos nós...) e de os contextualizar nas comunidades que<br />

servem, se é que que eles existem para servir as necessidades humanas. Neste sentido, veja-se contudo<br />

também agora FRANCIS FUKUYAMA, em Confiança..., já citado, onde o liberalismo toma também<br />

uma orientação comunitária e cultural.<br />

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