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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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«Mas quem é este personagem ? “Comecemos por ver aquilo que ele não é”, responde-nos BEATTY.<br />

Não é um economista. DRUCKER percebeu isso logo <strong>ao</strong>s 20 anos, na Wall Street, em Londres. “O que<br />

me interessa é o comportamento das pessoas”, não do capital ou das mercadorias, disse numa ocasião.<br />

Mas também não é um especialista em ciência política. Ele é “instintivamente hostil a visões ‘a priori’,<br />

sistemas filosóficos, ideologias políticas, salvações ou utopias”, sublinha BEATTY, que lhe chama “um<br />

pós-político”.<br />

Então talvez se possa chamar-lhe um profissional de tendências. “O pensamento dele é um modelo de<br />

procura de padrões — identifica as constelações com significado, no fluxo caótico da informação.<br />

Ajuda-nos a navegar, como agora se diz. Faz-nos ‘ver’ o que já lá está mas permanecia invisível para<br />

nós”, explica o autor de O Mundo segundo Peter Drucker. Enfim, o problema de classificar DRUCKER<br />

é difícil, porque ele pertence a uma área que está ainda por nascer: “<strong>Um</strong>a disciplina que explore os<br />

acontecimentos e os fenómenos em termos da sua direcção, mais do que em termos das causas — ou<br />

seja, mais uma avaliação do potencial do que uma análise das probabilidades”.».<br />

E, quase a concluir o seu <strong>texto</strong>, diz ainda o articulista português:<br />

«(...) No entanto, o coroar de toda a sua peregrinação intelectual <strong>deste</strong> século foi a “descoberta” da<br />

emergência da sociedade do saber. “Para quem sempre se sentiu desconfortável com o capitalismo, esta<br />

ideia do saber é um ponto de chegada notável”, confessa JACK BEATTY.<br />

Nesta última década, DRUCKER chamou a atenção, de novo, para o papel dos “empreendedores” (na<br />

linha de JOSEPH SCHUMPETER, diz-se em nota) e para a necessidade de perceber que a sociedade é<br />

mais do que as grandes empresas e o Estado. Falou da ascensão do sector social sem fins lucrativos, o<br />

“terceiro sector”. Por tudo isto, PETER DRUCKER é um marco <strong>deste</strong> século».<br />

g) — Sobre o vocábulo UTOPIA, veja-se: POLIS (referida na bibliografia anexa), Volume 5, 1987,<br />

págs. 1 465-1 468; e LOGOS (também referida na bibliografia anexa), Volume 5, 1992, págs. 365-372,<br />

onde se pode <strong>ler</strong>, designadamente:<br />

«(...) O pensamento utópico é portador de aspirações e esperanças que, como diz KANT, é “agradável<br />

imaginar” (Conflito das Faculdades, s. 2, § 9, nota), mas procura fundar racionalmente essas esperanças<br />

num projecto de organização social coerente, susceptível de concretização histórica. O próprio KANT<br />

fornece a fundamentação conceptual da UTOPIA como função reguladora da experiência: como as<br />

ideias transcendentais, também a UTOPIA orienta e guia o mundo fenoménico para finalidades<br />

transfenoménicas e meta-históricas, impondo o progressivo afirmar-se, na História, do direito sobre a<br />

força, do bem sobre o mal, da paz perpétua sobre os fatalismos da guerra. Os <strong>texto</strong>s utópicos despertam<br />

e mobilizam a consciência crítica para a relativização do falso absoluto das ideologias».<br />

No mesmo lugar se encontra a distinção entre mito (projecção de uma sociedade perfeita, ou o mais<br />

perfeita possível, mas referida a um passado imemorial), escatologia (a mesma coisa, mas projectada no<br />

termo da História) e utopia (projecção num futuro e num espaço imaginários, que, em rigor, oscila entre<br />

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