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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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⎯ V.G.M.: Não tem de se preocupar muito com as audiências, a não ser na medida em que a sua<br />

qualidade induza aumentos de audiência.». Etc...<br />

Já por outro lado, a desfaçatez, o descaramento e a hipocrisia dos profissionais da televisão que te-<br />

mos, na defesa acirrada e neo-corporativa do status quo mais recentemente estabelecido, são bem docu-<br />

mentados na entrevista do director televisivo da tão polémica SIC, EMÍDIO RANGEL, no Expresso-<br />

-Revista de 9 de Agosto de 1997, sob o título Governo quer censura na TV, para quem os problemas<br />

televisivos a que vimos aludindo — designadamente, e sem querer nem poder ser exaustivo:<br />

— As questões do excesso de violência, de brutalidade, de crueldade, de perversidade humanas ou<br />

sociais e de sexo, cada vez mais «explícito» e, por vezes, mesmo «gratuito» e «vulgar» (em que se pretende<br />

<strong>fazer</strong> passar por «artístico» erotismo o que, as mais das vezes, não passa de «vulgar» pornografia), sem<br />

critério de horário e de auditório, seja nos mais comuns noticiários, filmes ou novelas, seja na<br />

publicidade, seja em tudo quanto na televisão hoje se nos «mostra» à força e nos entra inesperadamente<br />

«pela casa dentro», pois é comummente sabido que, de um ponto de vista da simples inércia psicológica,<br />

de nada vale contra-argumentar-se que «basta desligar o botão»;<br />

— Do facto de, por regra, a televisão, a pre<strong>texto</strong> de nos pretender dar uma visão do mundo «tal como<br />

ele é», nua e crua, ou realista, portanto, nos oferecer perversamente e oferecer à juventude, afinal, apenas<br />

uma visão «cínica», «desencantada» e «desoladora» de um mundo cruel e selvagem, em clima<br />

permanente de «guerra civil» (uma espécie de «estado de natureza» hobbesiano, com o regresso perverso,<br />

aí escancarado, da bellum omnium contra omnes), onde tudo é permitido e possível, onde não há que olhar<br />

a meios para quaisquer fins e, portanto, onde não há regras, limites e valores, já que é a mesma televisão<br />

que entende, pragmaticamente, que não é a sua uma responsabilidade ou função «educadora»,<br />

«moralizadora», ou tão somente «edificante», pelo que contribui para a banalização social generalizada<br />

da convicção de que tudo isso que se nos «mostra», escancaradamente, deve afinal ser aceite como<br />

«normal», já que «é o que é», pelo que «de nada vale» idealizar ou imaginar um mundo-outro ou sequer ter<br />

«ideais»;<br />

— Do privilegiamento das notícias mais sensacionalistas ou espectaculares, do ponto de vista do<br />

impacto emocional imediato do momento, pelas imagens e pelo que delas se diz, sem critério «crítico»<br />

mediador ou «interpretativo» válido e pertinente, e independentemente da sua verdadeira importância ou<br />

relevância intrínsecas, podendo até ter apenas, afinal, um relevo puramente contingente, ou apenas local<br />

e paroquial; da descarada exploração emocional e espectacularizante, sem escrúpulos, dos dramas e<br />

desgraças humanos e sociais os mais quotidianos, apenas para «encher» os noticiários por critérios de<br />

mero impacto mediático e de «oportunismo de horário» e para satis<strong>fazer</strong> o voyeurismo e a curiosidade<br />

mórbida dos presumíveis telespectadores;<br />

— Da manipulação subtil, sugestiva, mas perversa, dos sentimentos, das emoções e da imaginação<br />

dos telespectadores, através das imagens e das mensagens subliminares armadilhadas, especialmente os<br />

menores e as crianças, ou as pessoas mais «permeáveis»; das já nem discutidas «concessões popularu-<br />

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