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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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detentores do Capital» —que era, no pensamento do autor do materialismo histórico (e, depois, com<br />

ENGELS, do chamado, por extensão «filosófica», materialismo dialéctico) e da obra Das Kapital (1º.<br />

Volume aparecido em 1867 e 2º. e 3º. Volumes publicados já postumamente), como é sabido, «a<br />

burguesia» (portanto, um factor de produção e uma classe social muito específicos e particulares no<br />

âmbito muito mais alargado de todo um sistema económico mais amplo de «livre empresa» ou «livre<br />

iniciativa», hoje geralmente conhecido, com mais rigor, por «Economia de Mercado») —, mas que<br />

«degenerou», logo no pensamento do seu próprio autor, numa «crítica» sistemática a todo esse<br />

«sistema económico», primeiro, ou seja, aquela já referida «economia de mercado» (àcerca da qual,<br />

segundo dizia, pretendia «destruir as categorias económicas», que são, como é sabido, a propriedade,<br />

o mercado e o dinheiro) e, por extensão, a «toda uma sociedade» e a todo um «sistema de<br />

civilização» — o sistema civilizacional ocidental da «sociedade e da economia de mercado» e das<br />

«instituições livres», de que pretendeu levantar toda uma teoria histórica explicativa, justamente o já<br />

referido materialismo histórico, desde os primórdios da Humanidade até à sua época e que deveria<br />

evoluir, inevitável e inexoravelmente, previa ele, na sua «utopia futurante», num misto de oitocentista<br />

«certeza científica» e de mero «pensamento desejante», para a chamada sociedade sem classes final do<br />

comunismo realizado —, e palavra aquela com a qual, portanto, subsequentemente, a Esquerda em<br />

geral e, também, certos católicos não menos reaccionários, com a benção institucional, desde sempre,<br />

da própria Igreja Católica (pois, como o próprio MARX reconheceu, revolucionários, no seu tempo,<br />

eram justamente esse capitalismo e essa burguesia), costumam designar, incorrecta e pejorativamente,<br />

toda essa «sociedade e economia de mercado» e toda essa «civilização», visando sempre, nessa<br />

crítica, também o liberalismo e toda a Modernidade que lhes estão ligados, e acrescentando, geralmente,<br />

para acentuarem o seu aspecto repulsivo, o adjectivo de selvagem...], com o mesmo carácter<br />

«horrendo» e «odioso» dos dois primeiros: veja-se, por exemplo, invocando as monstruosidades<br />

bélicas da Guerra do Vietname, que «...mostrou o retrato do mundo que os Estados Unidos<br />

construíam», o <strong>texto</strong> dominical de Frei BENTO DOMINGUES, O.P., intitulado Sem ódio, a pág. 6 do<br />

jornal Público de 16 de Novembro de 1997.<br />

Aqui, a «Analogia» parece-nos flagrantemente Míope, Errada, Incorrecta e Inadequada, porquanto, o<br />

assim chamado Capitalismo — apesar de ser hoje, reconhecidamente, um «sistema económico» único,<br />

ou hegemónico, ou dominante, ou vitorioso — não exige, não implica, antes pelo contrário combate,<br />

a abolição da fronteira ou distinção organizacional entre o Estado e a Sociedade Civil; e, apesar da<br />

hoje comummente reconhecida «globalização» ser, desde logo, reconheça-se, um fenómeno sobretudo<br />

com «sobredeterminação económica» (mas não só: também, senão principalmente, com base na<br />

«emergência» dos novos meios tecnológicos de comunicação social instantânea e de massa, que é um<br />

fenómeno típico do nosso tempo), ele, o assim chamado Capitalismo, apesar de tudo, não domina,<br />

totalmente, toda a sociedade, nem toda a vida humano-social, cultural e espiritual.<br />

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