20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

«(...) A liberdade foi definida, em primeira mão, como liberdade para o revelado de um aberto.<br />

Como deve ser pensada esta essência da liberdade ? O revelado, <strong>ao</strong> qual o enunciado representativo, na<br />

qualidade de correcto, se assemelha, é o ente aberto em cada comportamento aberto. A liberdade para o<br />

que se revela num aberto deixa que cada ente seja o ente que é. A liberdade descobre-se agora como o<br />

deixar-ser dos entes. Falamos normalmente de deixar-ser quando nos abstemos de um empreendimento<br />

planeado. “Deixamos-ser uma coisa” significa: não tocamos mais nela e procuramos não ter nada mais a<br />

ver com ela. O deixar-ser uma coisa tem, aqui, o sentido negativo de não reparar em algo, a indiferença<br />

ou mesmo o abandono. Mas a expressão “deixar ser o ente”, que é aqui necessária, não pensa no<br />

abandono ou na indiferença, mas sim no contrário. Deixar-ser é o entregar-se <strong>ao</strong> ente (1ª edição de<br />

1943: deixar, <strong>ao</strong> que está presente, o seu apresentar-se, não lhe acrescentar ou introduzir mais nada).<br />

Isto, certamente, não será unicamente entendido como mera exploração, conservação, cuidado e planificação<br />

do ente que, em cada caso, vem <strong>ao</strong> nosso encontro, ou é procurado. Deixar-ser — o ente, enquanto aquele<br />

ente que ele é —significa confiar-se <strong>ao</strong> aberto e à sua abertura, na qual todo o ente se encontra e que cada<br />

um deles como que traz consigo. (...) O deixar-ser, isto é, a liberdade, é, em si mesma, exposição, é ek-<br />

sistente. A essência da liberdade, vista à luz da essência da verdade, mostra-se como exposição <strong>ao</strong><br />

desvelamento do ente» — os itálicos e os bold são nossos.<br />

Neste sentido, também, concebe-se a Historicidade como o «Livre-Jogo» do Devir do Ente a quem se<br />

permitiu «Existir» para além de toda e qualquer «Organização» e «Planificação».<br />

Pois, a final, o que as «Pessoas» vêm a ser, são verdadeiras Humanas «Complexidades Evolutivas»<br />

(ou então: as «Pessoas» vistas pela «óptica» do freudiano «princípio da realidade»; ou até mesmo, afinal, o<br />

próprio «princípio da realidade», encarnado na «forma humana» de «Pessoas»; ou seja, também, na sua<br />

mais objectiva «Onticidade»...) ⎯ pois que têm (e transportam consigo...), também uma sua historicidade<br />

(ontológica) própria — «mais além», ou «acima de» (ou mais profunda e fundamental do que), a sua<br />

história ôntica do dia-a-dia... —, que, como «...modo-de-ser histórico do Espírito humano» e dada a<br />

«...radical temporalidade da Existência humana» (HEIDEGGER), é, afinal, também o seu «Fio de Aria-<br />

dne», tecido e entretecido, diacrònicamente, desde as suas mais remotas e próprias «Origens» — numa<br />

linha de uma sua essencial continuidade e identidade temporais —, tanto das «itinerâncias pessoais» de<br />

cada um ⎯ quer dizer: tanto daquela, nem sempre a maior, «parte» das suas Vidas, que se pode dizer, de<br />

algum modo, mais ou menos, deliberada, livre e conscientemente «escolhida», «optada», «decidida»...<br />

⎯, como ainda, em não menos importante medida, também daquilo a que chamamos o simples «Acaso»<br />

(«Le hasard», em francês; «Chance», ou «Fortune», em inglês; ou «Zufall», em alemão...), ou seja,<br />

daquilo que «Nos Acontece...», das «Contingências (ou circunstâncias externo-objectivas = necessida-<br />

de ?) da Vida», ou do que os Latinos Antigos diriam ser a «Fortuna» de cada um, ou que os Gregos<br />

Clássicos, por sua vez, designariam como «Tyche»...<br />

97

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!