20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1 - Comunidade» e «Sociedade».<br />

Gostaríamos, no presente capítulo, de passar em revista algumas visões sociológicas contemporâneas,<br />

que nos foram acessíveis, tendo como referência objectiva as realidades sociais contemporâneas<br />

ocidentais.<br />

Devemos advertir, antes do mais, que Comunidade e Sociedade (assim como Direito, Ordem de<br />

Direito, Cultura, Civilização, métaconsciente cultural e civilizacional, Mundo, consciência jurídica<br />

geral, Mercado, Democracia, etc.) não são aqui «todos» (wholes) directamente captáveis previamente<br />

pela intuição ou pela observação directa, como pretende o colectivismo de todas as cores: quer o de<br />

Esquerda propriamente dito, socialista ou comunista, quer o comunitarismo substantivista católico, quer<br />

o organicismo social, etc.<br />

Mas simplesmente complexos ou sistemas ou estruturas abertos de relações entre «partes» individu-<br />

ais e únicas, diversificadas e discretas, mas conectadas, generalizações teóricas e unidades de<br />

totaliza-ção a posteriori, esquemas abstractos classificatórios de inteligibilidade, «construídos» a<br />

partir da nos-sa experiência directa de «elementos» singulares familiares, que são os únicos que<br />

podemos captar direc-tamente pela observação e pela experiência, e que podem, depois, consistir em<br />

pré-compreensões globalizantes abertas para ulteriores análises e experiências, ou como condições de<br />

inteligibilidade e de in-tegração de outros elementos discretos e avulsos: tal é o percurso do «círculo<br />

de inteligibilidade» e de complementaridade, ou «círculo hermenêutico», entre o individualismo<br />

metodológico das ciências sociais e um holismo social aberto, in<strong>completo</strong>, relativo, parcial,<br />

indeterminado e inconcluso para cada um, como «pré-compreensão» global aberta do «mundo» e<br />

como «horizonte», que é o nosso.<br />

Dito de outro modo: trata-se da prioridade relativa, ontológica e lógica, e não apenas epistemológi-ca,<br />

do humano-individual e único sobre o social e o colectivo, que só nos é dado consequencialmente e a<br />

posteriori.<br />

Daí o «relativo primado», ontológico, lógico, epistemológico e axiológico da pessoa humana indivi-<br />

dual sobre a sociedade e a comunidade, ou sobre quaisquer sistemas, estruturas ou organizações.<br />

São estes que têm nos «elementos» individuais o seu pressuposto e a sua condição de possibilidade e<br />

não o contrário.<br />

Assim, a comunidade não é nenhuma «substância» a se, nenhum «ser» hipostático, acima ou para<br />

além das pessoas humanas e jogado totalitariamente contra estas, mas é apenas, como o diz A. CASTA-<br />

NHEIRA NEVES, a «convivência ética das pessoas», ou, simplesmente, diremos nós, a «convivência<br />

das pessoas».<br />

Do mesmo modo, a sociedade não é mais do que o «sistema de interacções» ou a «ordem externa de<br />

relações» significativas entre os seres humanos individuais, embora um sistema e uma ordem<br />

complexos, plurais, diferenciados, dinâmicos e abertos.<br />

224

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!