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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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«HOBBES fez a análise certa: não há dúvida, quanto a nós, de que o egoísmo da natureza humana<br />

existe, e gerará a anarquia de não houver um Estado e um governo capazes de <strong>fazer</strong> impor a paz e a<br />

segurança.<br />

Não custa admitir que HOBBES tenha exagerado o tom pessimista que deu às descrições do Homem e<br />

das suas paixões e inclinações naturais: sabemos todos que em cada ser humano há um misto de bom e de<br />

mau, e que nem o pior criminoso é incapaz e um gesto de amor, nem o melhor dos santos é imune às<br />

tentações da vaidade ou da auto-satisfação; sabemos que a maioria dos seres humanos, pelo menos em<br />

épocas de normalidade política e social, são moderados e cooperantes, e que só uma minoria se revela<br />

agressiva e radical; sabemos que, para além do seu egocentrismo natural, os homens, ou a sua maior parte,<br />

são capazes de Generosidade, Sacrifício e Altruísmo.<br />

Mas o certo é que o Egoísmo é predominante na Natureza Humana (o Autor abre aqui uma nota<br />

para dar conta das críticas que se podem dirigir à teoria do egoísmo absoluto do homem, que não perfilha,<br />

dizendo-se antes tributário de uma tese do egoísmo predominante), e que a tendência para a anarquia<br />

quando falta uma autoridade superior <strong>ao</strong>s interesses em conflito é tão natural como a respiração dos seres<br />

humanos: pense-se na tendência das crianças para a bulha se não estiverem presentes os pais, na tendência<br />

dos desportistas para a infracção às regras do jogo se o árbitro estiver desatento, na tendência dos<br />

automobilistas para o c<strong>ao</strong>s se faltar a sinalização do trânsito ou se estiver ausente a polícia, na tendência dos<br />

alunos para copiarem nos exames se o professor virar as costas, na tendência dos homens de negócios para<br />

ignorarem as leis que devem respeitar se o Estado não fiscalizar as suas operações e a sua contabilidade,<br />

etc., etc.. E não esqueçamos como, sobretudo a partir de FREUD, ficou demonstrado que o homem não é<br />

apenas um animal racional, e que há muito de irracional, de passional e de doentio nas motivações que<br />

levam os seres humanos a agir na sua vida particular e pública» — os itálicos e os Bold são nossos.<br />

Todavia, aquele nosso Relativo Pessimismo referido mais atrás é (ou pretende ser) apenas, como<br />

dissemos, um «Realismo» da Inteligência: apesar daquela referida maldade e perversidade intrínsecas do<br />

ser humano, nós acreditamos, com excepção dos casos definitivamente patológicos e comprovadamente<br />

irreversíveis, na relativa perfectibilidade humana e do «mundo».<br />

Apesar de, depois da Queda do Muro de Berlim e do Fim da Guerra Fria, contrariando ingénuas<br />

expectativas iniciais, vivermos neste Fim-de-Século e de Milénio, Tempos Difíceis e Conturbados em<br />

muitas Regiões do Globo; apesar de as «realidades» sociais e políticas, que hoje temos, desmentirem em<br />

grande parte e se afastarem abissalmente da «Utopia Normativa Aberta» de que falaremos mais adiante e<br />

de se assistir, hoje, mesmo a uma preocupante e altamente perigosa «Desregulação Normativo-Cultural,<br />

Moral e Institucional Civilizacional Global», a nível de Todo o Planeta [problemática esta que é, intensa e<br />

extensamente, debatida na mais recente Obra de FRANCIS FUKUYAMA, intitulada: A Grande Ruptu-<br />

ra⎯A Natureza Humana e a Reconstituição da Ordem Social, © 1999, Francis Fukuyama, Edição Portu-<br />

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