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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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oa, quanto mais não seja porque as liberdades liberais tomam o seu valor da sua contribuição para a<br />

vida boa. A sua virtude essencial será a to<strong>ler</strong>ância, não a neutralidade. Para RAZ, em que o liberalismo<br />

toma um sentido comunitário, a estrutura de direitos que melhor promove a autonomia será<br />

necessariamente indeterminada e significativamente variável e ele procura fundamentar os direitos na<br />

sua contribuição para o bem-estar individual; ele aceita também que haja numerosas formas de<br />

florescimento humano em que não seja valor essencial a escolha autónoma; e compartilha com ISAIAH<br />

BERLIN a tese subversiva de que as incomensurabilidades àcerca dos valores últimos põem um limite<br />

decisivo às ambições da teoria, tanto na ética como na política, o que nos faz voltar para as realidades da<br />

vida política, que têm de balancear reivindicações competitivas de validade similar e encontrar um<br />

modus vivendi entre formas de vida que são irreconciliáveis, bem como mediar conflitos que nunca<br />

podem ser resolvidos. E é este o decisivo golpe de misericórdia no projecto global de transparência do<br />

Iluminismo.<br />

A respeito da crítica por G. A. COHEN (identificado como representante das «limitações da corrente<br />

principal convencional da filosofia política académica») a um <strong>livro</strong> de THOMAS NAGEL (Equality and<br />

Partiality, 1991), crítica essa que sustenta que o «colapso soviético» nada nos diz sobre a viabilidade ou<br />

inviabilidade de uma sociedade igualitária, nem prova que o comunismo igualitário seja uma qualquer<br />

impossibilidade, JOHN GRAY chama a atenção para que sabemos, a partir da glasnost soviética, de<br />

todos os países da Europa do Leste e da China durante o seu recente período de liberalização, que todo o<br />

Estado comunista do século XX continha desigualdades nos seus bens básicos da vida ⎯ educação,<br />

habitação, cuidados médicos, até alimentação ⎯ que foram vastas e, por vezes, mesmo maiores do que<br />

aquelas que encontramos nos próprios países capitalistas. Que sabemos que o planeamento socialista<br />

central da economia (ou «... gestão pública da produção e da troca», sem a qual «não existe<br />

socialismo», como o diz LUZIA MARQUES DA SILVA CABRAL PINTO, na obra referida mais à<br />

frente, pág. 211), presumivel-mente uma característica de uma forma comunista de vida em qualquer das<br />

suas variedades, resultou em todos os Estados comunistas em desperdício catastrófico, desinvestimento<br />

corrupto, pobreza popular e nu-ma quase apocalíptica degradação do ambiente. Sabemos que esses<br />

traços dos sistemas comunistas nos são relatados, invariavelmente, por aqueles que os experimentaram,<br />

com referência à destruição dos incenti-vos normais que acompanha a supressão da economia de<br />

mercado. Que mais precisamos saber para ficarmos convencidos da inviabilidade do comunismo<br />

igualitário ? Até possuímos teorias, tais como a teoria austríaca, formulada por MISES e HAYEK, das<br />

funções epistémicas das instituições de mercado e da impossibilidade do cálculo racional económico<br />

sob instituições socialistas ⎯ as quais parecem ter sido corroboradas pelas revelações da Glasnost.<br />

Que mais poderia alguém querer ⎯ mesmo um marxista analítico contemporâneo ?<br />

Houve um tempo em que os filósofos políticos foram também economistas, historiadores e teóricos<br />

sociais, preocupados ⎯ como o foram SMITH, HUME e JOHN STUART MILL, por exemplo ⎯ com<br />

o que a história e a teoria nos tinham a ensinar àcerca do comportamento comparado das diferentes<br />

institui-ções e dos constrangimentos impostos às instituições humanas pelas circunstâncias de um<br />

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