20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ou de um seu mero alibi legiti-mante»; além de que, assim, o Estado-de-Direito se dilui e converte<br />

num mero Estado de Administração.<br />

B) ⎯ Opção:<br />

Todavia, o sentido prático-jurisprudencial da realização do direito, em que estamos perante uma<br />

decisão judicativa (com núcleo, portanto, no juízo), insere-se no domínio da racionalidade prática, em<br />

que a comum relação teórica sujeito/objecto se vê substituída pela relação comunicativa sujeito/sujeito<br />

e em que, em lugar da exigência demonstrativa (já analiticamente dedutiva, já submetida <strong>ao</strong> teste da<br />

experimentação, da verificação ou «falsificação») convoca um pressuposto e comungado con<strong>texto</strong> de<br />

significação em concreta referência situacional, mas diferentemente intencionado e que, por isso, se<br />

abre a controvérsias só susceptíveis de uma superação numa dialógica dialéctica.<br />

Mas surgem diversas modalidades de racionalidade prática: a racionalidade teleológica ou de<br />

justificação pelos fins; a racionalidade da fundamentação discursivamente fundamentante (seja na<br />

modalidade tópico-retórica e de argumentação, seja na modalidade hermenêutica); e uma<br />

racionalidade normativamente específica.<br />

α) — Quanto à racionalidade teleológica, só pode considerar-se (afastado que está o finalismo tecno-<br />

lógico acima referido) a que se encontra situada numa prática normatividade material — i. é, terá de<br />

manifestar um conteúdo prático em que os «fins» sejam intenções práticas a sustentarem juízos<br />

práti-cos (no sentido da referência a um agir intencional, e não a um <strong>fazer</strong> de adequação eficiente).<br />

Mas, superada a ordem natural-transcendente aristotélica, pela subjectividade humana, primeiro, e<br />

depois pela dialéctica humana da intersubjectividade, a acção passou a ser intencional e passou a<br />

receber as soluções, ontem do legalismo de aplicação com o seu Konditional-programm, hoje da<br />

decisão como táctica de uma estratégia.<br />

Mas como a intersubjectividade ou a inter-acção exigem uma comunitária integração, em que os fins<br />

não justificam os meios, estes têm que submeter-se a uma «ética da responsabilidade» que exige<br />

uma concreto-situacional ponderação normativa; por outro lado, os fins legitimamente programados<br />

só podem realizar-se e afirmar-se validamente em referência <strong>ao</strong> con<strong>texto</strong> integrante em que<br />

concorrem com outros fins — o que exige que o decidir teleológico refira uma validade e tenha de ser<br />

judicativo.<br />

Daí a possível remissão para os dois tipos seguintes de racionalidade prática.<br />

β) — A racionalidade tópico-retórica visa e procura fundamento num a posteriori consensus<br />

persuasivo; mas o jurídico pressupõe e encontra fundamento num a priori de validade<br />

normativamente vinculante. Depois, os topoi são entre si equivalentes; e no jurídico as objectivações<br />

da sua normativi-dade têm uma índole dogmaticamente vinculante e preferem por isso a quaisquer<br />

topoi invocáveis. Finalmente, na tópico-retórica «a discussão é a única instância de contrôle»<br />

367

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!