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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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um vincado cunho político, apoiada que estaria, como se pretende, numa legitimidade democrático-eleitoral<br />

regional. Ainda porque a regionalização que se pretende implicaria a opção por estruturas rígidas e fixas de<br />

poder administrativo e político intermédio e não por estruturas flexíveis, adaptáveis a cada tipo de problema,<br />

estritamente ad hoc, como as pontuais e eventualmente necessárias «coordenações» inter-municipais e<br />

inter-autár-quicas, ou as associações e federações de municípios, num espírito de recíproca cooperação:<br />

ocorre-nos o caso exemplar da associação de municípios, em torno dos problemas comuns a mais do que um<br />

município, relativa à Ria de Aveiro. Sobretudo porque a ambicionada «regionalização» traria uma<br />

reduplicação de níveis de burocracia: entre o cidadão e o Estado, estariam, além das já hoje consagradas<br />

«autarquias locais», ainda um terceiro nível intermédio de estruturas, de burocratas, de repartições, de<br />

papéis e de funcionários, com toda a sua lógica burocrática própria de uma qualquer «nova», «redundante»<br />

e «excedentária» máquina administrativa. E traria ainda, obviamente, a consequente formação de novas<br />

«classes políticas», baseadas sobretudo numa lógica de reivindicação política, de clientelismo e de<br />

«egoísmo bairrista», numa quase certa e previsível «guerra de todos contra todos», face <strong>ao</strong> Poder Central.<br />

Porque aumentaria os custos financeiros para o país, com a correspondente sobrecarga fiscal por parte do<br />

Poder Central. Porque, <strong>ao</strong> contrário do que se diz, aumentaria as assimetrias e as desigualdades entre as<br />

«regiões», favorecendo as que tivessem maior poder político reivindicativo e maior protagonismo político a<br />

nível nacional. Enfim, teríamos, de certeza, mais Estado, bastante mais Estado, mas não necessariamente<br />

melhor Estado, se é que o não teríamos pior... Como já o dizia a canção revolucionária abrilista, aqui de<br />

todo pertinente: «Pr’a melhor, está bem, está bem... Pr’a pior, já basta assim !».<br />

O que é urgentemente necessário, em Portugal, é, sim, uma profunda e radical reforma do Estado: <strong>ao</strong><br />

nível político, no sentido da demarquia hayekiana e da constituição mista de que falaremos mais adiante; e<br />

<strong>ao</strong> nível administrativo, de acordo com os princípios que começámos por referir, da subsidiariedade e de<br />

umas vigorosas descentralização e desconcentração administrativas, devolvendo poderes, competências e<br />

recursos para os níveis inferiores e intermédios das freguesias, dos municípios e das associações de<br />

municípios e fomentando um revigoramento da tradição municipalista portuguesa que, essa, não precisa<br />

de ser «inventada» artificialmente.<br />

Sobre esta temática, temos sobretudo em consideração, além das suas avulsas declarações públicas<br />

feitas em vários locais e em várias ocasiões, os argumentos que se podem ver desenvolvidos, por exemplo,<br />

no <strong>texto</strong> intitulado Regionalização: paixão da inexperiência, de ANÍBAL CAVACO SILVA, no semanário<br />

Expresso de 28 de Setembro de 1996, pág. 23, designadamente quando diz:<br />

«(...) É òbviamente desejável na sociedade portuguesa o reforço da desconcentração dos serviços<br />

públicos e da descentralização administrativa. Tal como é desejável a cooperação para a resolução de<br />

problemas que interessam a mais do que um município e a maior coordenação a nível regional das acções<br />

de desenvolvimento. Mas isso não requer a criação artificial de um novo nível de poder autárquico, entre a<br />

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