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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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De facto, temia que, além das estruturas burocráticas já existentes (autárquicas, centrais<br />

desconcentradas e/ou centrais concentradas) da chamada Administração Pública (e a acrescer a elas...),<br />

viéssemos agora a ter mais um (redundante?...) «nível intermédio» de estruturas burocráticas e para-<br />

políticas, mais «classes políticas», aumento da «despesa pública» e consequente «sobrecarga fiscal»,<br />

rivalidades e lutas menores pelos protagonismos políticos (o que, em linguagem popular, se diz: «as lutas<br />

pelo poleiro...»), etc., etc. E, para encurtar razões, <strong>deste</strong> ponto de vista, estava a priori decidido a votar<br />

«NÃO» a qualquer «tentativa regionalista», aquando do respectivo Referendo.<br />

Tais eram as «razões» em que me louvava e que, aliás, no local próprio <strong>deste</strong> meu <strong>livro</strong>, ficaram<br />

(creio....) abundantemente explanadas.<br />

Porém, aconteceu que veio <strong>ao</strong> meu conhecimento, por um mero acaso, o pequeno livrinho do Doutor<br />

VITAL MOREIRA, Professor da Faculdade de Direito de Coimbra, que também foi/é a minha, intitulado<br />

A morte do Centro—Coimbra e a Regionalização das Beiras, Audimprensa, Coimbra, Outubro de 1998.<br />

A atenção e o reconhecimento de mérito que sempre me mereceu este constitucionalista (apesar de e<br />

«passando por alto» eventuais, «quase certas», divergências no plano ideológico) levaram-me a <strong>ler</strong> aquela<br />

excelente compilação de meros «artigos de opinião», e, para além da problemática (que, hélas !, nos é<br />

comum...) do destino histórico da Região por ele designada como as Beiras — essencialmente coincidente,<br />

para ele, com as «fronteiras» físicas da actual Comissão de Coordenação da Região Centro — o que me<br />

surpreendeu foi como este Autor me conseguiu «cativar» (para usar aquela tão significativa expressão de O<br />

Principe-zinho...) para o «campo regionalista», afastadas algumas «dúvidas» e «temores», porventura<br />

infundados. E isso, porque argumentando ele de um modo racional, ponderado e, sobretudo, prudente.<br />

Na verdade e afinal, como ele diz, a «regionalização» é (ou pode, ou deve ser) uma forma superior<br />

de «descentralização», de racionalização e optimização de estruturas, de meios e de recursos.<br />

Sobretudo — e isto é, para mim, inportante que seja previamente garantido, em qualquer projecto de<br />

«regionalização», mesmo que futuro...—, não tem de envolver, necessariamente, «mais burocracia», uma<br />

vez que a «regionalização» absorve, ou deve, justamente, absorver — ou integra (ou deve, justamente,<br />

«integrar») — as estruturas burocráticas já existentes (desconcentradas, mas, actualmente, funcionando<br />

desconexa e descoordenadamente...) — se é que não pode (e deve...) mesmo reduzilas, em número,<br />

quantidade e obsolescência !<br />

Por outro lado, <strong>ao</strong> contrário do eu próprio já pensara — de um ponto de vista humano, social e,<br />

sobretudo, cultural — mais do que uma mera micro-pluralidade cultural, de incidência apenas «local» ou<br />

«paroquial», existem, sim, em Portugal, afinidades e solidariedades humanas, sociais, culturais e, até,<br />

físicas e geográficas, mais amplas, territorialmente, e, sem sombra de dúvidas que, do ponto de vista<br />

histórico, suficientemente sedimentadas — que podem justificar-se poderem ser o necessário «suporte» de<br />

«estruturas organizativas» e «administrativas» com um âmbito mais «alargado» do que o meramente<br />

«local» e «municipal».<br />

E é, afinal, verdade — argumento este que é, para mim, decisivo, de um ponto de vista racional —<br />

que, por mais descentralização e desconcentração que o Poder Central faça, ou queira <strong>fazer</strong>, há sempre,<br />

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