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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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dando origem <strong>ao</strong> cavaquismo, GUTERRES, anunciando, apesar dele, a nação guterrista, como se a<br />

sequela-sintoma do líder todo-poderoso se mantivesse na cabeça dos portugueses.<br />

Mas há mais: a questão do regionalismo, basculando entre um regionalismo crítico e outro acrítico,<br />

passadista, cujo epifenómeno foi o festejo bairrista do Porto 2 000, regionalismo e regionalismo crítico<br />

que se encontraram, sem se entenderem, no triste processo da regionalização.<br />

Mas também, para não ir mais longe, o efeito de dessacralização da cultura católica dominante, cri-<br />

ando uma aparente fragmentação de sistema de referências e valores, da qual emergem,<br />

pontualmente, como epígonos, fundamentelismos bafientos, como foi o caso das vozes levantadas a<br />

propósito de alguns programas de HERMAN JOSÉ.<br />

Ainda, a des-culturalização da sociedade portuguesa, com desvalorização de antigos sentidos es-<br />

truturantes, ainda que marcados pelos velos da fixação já referida, ou o que poderíamos designar por<br />

des--historização, em que os jovens pouco sabem dos momentos históricos significativos nacionais.<br />

Si-multaneamente, porém, assiste-se, face à aparente autonomia dos fragmentos, à afirmação clara das<br />

alteri-dades e das singularidades constitutivas de cada parcela de Portugal (Barrancos, seria um bom<br />

exemplo). À des-culturalização referida, contrapõe-se uma visível re-culturalização, com base em<br />

novos valores e sentidos, à des-historização, contrapõem-se os movimentos construtores da<br />

verdadeira história temporal, mas também atemporal, porque, apesar de portuguesa, Humana.<br />

Assiste-se, enfim, à construção de uma realidade simultânea, em que os movimentos de regressão e de<br />

progressão configuram um quadro actual curioso, conflitivo e, por isso, rico de perspectivas.<br />

Cabe, quanto a nós, tanto à sociedade civil, como <strong>ao</strong>s homens públicos, sustentar, na pós-moder-nidade<br />

portuguesa, o que significa mudança. A sustentação, ainda que camuflada num passadismo populista,<br />

é e será sempre, no nosso país, evocação/sintoma do passado traumático, que está muito longe de<br />

uma elaboração definitiva. Se o tratamento psicanalítico de um humano, demora anos, para obter<br />

sucessos, não se espere, dos povos e das nações, milagres temporais, na resolução das suas<br />

conflituali-dades» — os sublinhados em bold são todos nossos.<br />

[Sôbre a temática de todo este último Ponto 8., veja-se, muito proveitosamente, todo o Número 4., da<br />

Primavera de 2 000, da Revista «NOVA CIDADANIA», designadamente, os seguintes artigos (dos<br />

quais, aqui, fazemos apenas uma mera «referência formal»): ANTÓNIO BAGÃO FÉLIX, A Saúde em<br />

Portugal: Que Estado ? Que mercado ?; ROQUE DA CUNHA FERREIRA, O Estado no Sector da<br />

Saúde: Organiza-dor ou Integrador ?; JOSÉ MANUEL MOREIRA, Saúde e Romance do Socialismo;<br />

ANTÓNIO CORREIA DE CAMPOS, Reformas da Segurança Social na Europa; WILLIAM A.<br />

GALSTON, O Debate sobre a Se-gurança Social nos Estados Unidos; MARTIN FELDSTEIN, A Nova<br />

Era da Segurança Social; e LAU-RENCE S. SEIDMAN, O Financiamento da Segurança Social. Ainda<br />

com alguma «ligação» com toda esta temática, embora de uma «outra» forma e devendo ser<br />

devidamente «contextualizado» na sua época, veja-se um breve resumo das «ideias» de um «clássico»<br />

— ALEXIS DE TOCQUEVILLE — sobre, justa-mente, a «Pobreza», no <strong>texto</strong> (mesmo local acabado<br />

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