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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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E há ainda a considerar, na potenciação dessa marginalidade social juvenil, as condições desumanas da<br />

vida urbana moderna, sobretudo nas grandes metrópoles dos nossos dias, e todos os factores hostis e<br />

insidiosos de desnaturação e de desagregação da família (mesmo que só a «família nuclear») que essas<br />

condições favorecem, condições e factores <strong>ao</strong>s quais estão expostos, sem protecção, os próprios jovens,<br />

que nada beneficiam com isso.<br />

Mas, quanto à Escola propriamente dita, enquanto cada escola não for concebida e vivida como uma<br />

autêntica pequena comunidade educativa local, descentralizada, de dimensão mínima e à escala<br />

huma-na, integrada em con<strong>texto</strong>s sociais locais, como uma das «pequenas comunidades de vida e de<br />

saber», ou «mundos-da-vida», de que fala BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, pensada e vivida<br />

como um verdadeiro prolongamento e suporte da família e também, como esta, como uma<br />

«comunidade de afectos, de educação e de cultura» (VITTORIO POSSENTI), com completa<br />

autonomia (cultural, pedagógica, programática, administrativa e financeira), privatizada ou não, mas<br />

apenas vinculada normativamente a um quadro geral mínimo de matérias essenciais e de linhas<br />

programáticas, em que sejam veiculados e partilhados, participativa e afectivamente, mais do que uma<br />

infindável lista de matérias, de saberes, de perícias e de mestrias (como sucede actualmente !), antes os<br />

valores de respeito pelo próximo percebido como ser humano e como pessoa, da to<strong>ler</strong>ância, da<br />

autonomia, da vinculação responsável, da participa-ção e da corresponsabilidade, pródromo para uma<br />

elevada educação de cidadania e de civismo e de respeito pelos superiores valores públicos e pela<br />

Ética — não teremos uma juventude que se prepara para uma ulterior integração social tranquila e para<br />

um futuro de responsabilidade. E não teremos na Escola um factor de integração social, mas de<br />

desintegração e de potencial «marginalidade».<br />

Aliás, esta nossa perspectiva é de algum modo confirmada pela extensa entrevista que, <strong>ao</strong> jornal Público<br />

de 14 de Junho de 1998, deu JORGE CARVALHAL, Presidente da Associação Portuguesa do Ensino<br />

Superior Privado (APESP), jurista e dirigente também do reputado Instituto Superior de Gestão, o qual,<br />

na «caixa» sob o título «Há um preconceito ideológico», diz o seguinte:<br />

«PÚBLICO: Os privados queixam-se sistematicamente de um clima de suspeição. De onde vem este<br />

sentimento ?<br />

JORGE CARVALHAL: Advém de uma visão estatista do serviço da educação e da mentalidade que<br />

considera que é <strong>ao</strong> Estado que compete, não apenas regular, mas administrar e proporcionar o serviço da<br />

educação.<br />

P.: Há um preconceito ?<br />

R.: Claramente.<br />

P.: Ideológico ?<br />

R.: Indiscutivelmente. Esse preconceito ideológico é manifesto em algumas medidas dos governos<br />

anteriores e do actual.<br />

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