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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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como o diz VITAL MOREIRA, um núcleo ou «resíduo» de matérias, de competências e de poderes (e<br />

respectivas problemáticas) que só para esses âmbitos mais «alargados», «intermédios» entre o nível<br />

meramente local e o já nacional, podem ser devolvidos — porque só a esses «níveis intermédios» se podem<br />

justificar e serem, afinal, operacionais e eficazes.<br />

Por outro lado ainda, se é verdade que não existem, em Portugal, verdadeiros «regionalismos<br />

naturais», bem como que existe uma exemplar «unidade nacional» e que, portanto, temos o que se pode<br />

dizer um Estado-Nação «perfeito» — no sentido em que ambos os termos desta expressão coincidem<br />

perfeitamente um com o outro —, todavia isso só é verdade num sentido propria e exclusivamente<br />

«político», i. é, quando se quer contrapor a situação «nacional» portuguesa à que se verifica em países<br />

outros — como a vizinha Espanha, ou a Bélgica, ou o próprio Reino Unido, etc., em que, nestes casos,<br />

estamos em face de quase verdadeiras «Nações» dentro de um mesmo «Estado», ou com um mesmo<br />

«Estado».<br />

Mas, sem atingirmos, necessariamente, esse «último» nível essencialmente e só «político», mas nos<br />

mantivermos apenas a um mais modesto nível só geográfico (físico), cultural, social e humano — temos<br />

que reconhecer que há, sim, em Portugal, diversidades «regionais» óbvias e incontestáveis: são<br />

indenegáveis as «diferenças» (nos planos geo-físico, das próprias pessoas e «gentes» e, sobretudo, no plano<br />

cultural) entre o Minho e Trás-Os-Montes, entre o Douro Litoral e as ditas Beiras, entre o Ribatejo, o<br />

Alentejo e/ou o Algarve.<br />

E essas «diversidades», inegáveis, são suficientemente «importantes» e «relevantes» para que não<br />

sejam levadas em conta no desenho de um qualquer «mapa», enquanto suporte físico e geográfico, bem<br />

como social, cultural e humano, historicamente sedimentado, por um lado e, por outro, sociologica, cultural<br />

e humanamente justificado — para uma melhor (mais racional, dentro do possível, mais equilibrada, mais<br />

economica, mais dinâmica, mas também mais «sóbria» e mais «frugal», bem como, sobretudo «mais<br />

eficiente» e prestando com maior «qualidade») «organização (taxis) relativa» daquela «parte» da<br />

Sociedade Global que, funcionalmente, designamos por Administração Pública — ou seja, afinal, do<br />

próprio Estado, o qual pode exigir, em certas das suas «áreas funcionais de actividade», mais do que uma<br />

mera «descentralização» apenas para o nível do Município, ou mesmo até já das Associações e<br />

Federações de Municípios, os quais, poderão, sem embargo, continuar a existir e a bem desempenhar as<br />

suas funções.<br />

Mas, a essência do debate contido naquela obra a que nos referimos, de VITAL MOREIRA, para<br />

além destas «razões» e desta «problemática» — que, na verdade, me «cativaram» e «convenceram»,<br />

racionalmente, como já disse — parece-me ser a questão da irracionalidade e da não-cuidada<br />

«ponderação» (sociológica, histórica, cultural e mesmo humana) do mapa «proposto» para a<br />

«regionalização» que foi submetido a Referendo — que foi isso (e apenas isso) que esteve «em jogo» neste<br />

último «exercício» de Referendo.<br />

Não «esteve em jogo», neste último Referendo, saber se os portugueses aceitavam e aprovavam, ou<br />

não, o princípio abstracto da «regionalização», uma vez que se «pressupunha» que esse princípio,<br />

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