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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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) — Deste modo, a diferenciação funcional do Sistema Social traduz-se no seu desdobramento em<br />

vários Subsistemas, o que dá origem à existência, nas sociedades modernas, de um pluralismo de<br />

sistemas.<br />

Pode dizer-se que o característico das sociedades modernas é justamente essa intensiva, extensiva e<br />

progressiva diferenciação, assente numa dinâmica das autonomias que, aumentando a complexidade<br />

global, vai até à descentralização <strong>ao</strong> nível do próprio indivíduo e multiplica as instâncias e agências<br />

relevantes na determinação do evoluir da sociedade, que ademais comporta também desordem e<br />

desorganização, conflitualidade, antagonismo e complementaridade (EDGAR MORIN) — daí o<br />

aumento da complexidade —, não podendo portanto essa determinação ser redutivamente imputada,<br />

ainda que «em última instância», a apenas um dos sub-sistemas, ou a qualquer «infra-estrutura» —<br />

designadamente a económica, como o faz o marxismo.<br />

Diferenciação e descentralização última, aquela referida, que já o próprio HEGEL entrevira, apesar de<br />

todo o seu conhecido estatismo e holismo absolutos, como talvez a característica mais marcante da<br />

Modernidade política, <strong>ao</strong> dizer: «O princípio dos Estados modernos contém a potência e a<br />

profundidade extremas de deixar a subjectividade cumprir-se até <strong>ao</strong> extremo da particularidade<br />

pessoal autónoma».<br />

Mas, desse pluralismo de sistemas e para o que aqui nos interessa, reteremos apenas a diferenciação que<br />

constitui os principais subsistemas sociais: são eles o sistema económico, o sistema político, o sistema<br />

jurídico e o sistema ético-cultural, produtos de uma diferenciação estrutural-funcional, teleológica e de<br />

racionalidades específicas e eles próprios sistemas plurais e abertos, de complexa estruturação,<br />

diferenciação e articulação internas, que compreendem outros vários subsistemas, de comportamentos e<br />

lógicas específicos e relativamente autónomos.<br />

c) — Assim, o Sistema Económico não pode deixar de compreender (pelo menos em Portugal): um<br />

sector económico privado dominante, que define a lógica estruturalmente prevalecente de todo o<br />

sistema; um sector económico cooperativo e social (também chamado por alguns de o «terceiro sector»<br />

ou da «economia social»); e um sector económico público ou estatizado — sendo esta pluralidade e<br />

complexida-de de sectores que, segundo alguns, o caracteriza justamente como um sistema de<br />

economia mista, mas indo a diferenciação descentralizadora, em todo ele, até <strong>ao</strong> nível mesmo das<br />

empresas e dos decisores e obedecendo o sistema, como um todo, à articulação das categorias<br />

económicas fundantes (a priori ou históricas), que são a propriedade, o mercado e o dinheiro (cfr.<br />

ORLAN-DO VITORINO, em Exaltação da Filosofia Derrotada, citado na bibliografia anexa), bem<br />

como à lógica e dinâmica próprias do que se poderá designar hoje por capitalismo democrático<br />

(MICHAEL NOVAK), que é uma forma da economia descentralizada, plural, concorrencial e aberta<br />

de mercado.<br />

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