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Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

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desnível, ou desequilíbrio, entre as expectativas (dos portugueses) e a capacidade de as satis<strong>fazer</strong>,<br />

apesar de antes ter admitido francamente [de certo modo em consonância com um outro trabalho<br />

jornalístico, publicado no mesmo local, onde, sob a epígrafe geral: Assim vai o País, se podem <strong>ler</strong><br />

subtítulos como: População envelhece; Desemprego aumenta; Poupanças caem (mais consumista, o<br />

País está a aumentar ainda mais a desigualdade na distribuição da riqueza); Sida agrava-se;<br />

Criminalidade sobe; Educação melhora (mas Portugal continua a ter os níveis escolares mais baixos de<br />

toda a União Europeia...); e Poluição em alta] que Portugal sofreu, já desde o princípio dos anos 60 (e<br />

não apenas a partir do 25 de Abril de 1974, como gostam de defender aqueles a que, justamente, nós<br />

chamamos «Os Abrilistas»), profundas, múltiplas e ace<strong>ler</strong>adas mutações: «(...) Em todas as sociedades<br />

há um desequilíbrio entre capacidades e expectativas, mas essa diferença pode ser maior ou menor. No<br />

caso português, a população participa das expectativas dos mais ricos, desenvolvidos, civilizados,<br />

instruídos países do mundo ! Os portugueses têm as mesmas expectativas perante a sociedade material, o<br />

consumo, a organização, as férias, a cultura, o divertimento do que o mais rico dos suíços, dos<br />

holandeses, dos canadianos... Mas acontece que, entre os países ricos, Portugal é um dos mais pobres e<br />

com menos capacidades ! Os portugueses forjaram as suas expectativas de vontade, de ambição, de<br />

ciúme, de inveja, de gosto, e prazer através dos mais modernos meios de comunicação e também por<br />

contactos com a chamada vida real; as viagens, o intercâmbio, a vinda dos emigrantes... foram tecendo,<br />

erguendo essas expectativas. Mas depois, na produtividade, nos modos de organização, estamos<br />

muitíssimo longe dos padrões europeus de qualquer outro país. Portugal quer consumir como os<br />

americanos, mas não produz como eles; quer viver como os suíços, mas não está organizado como os<br />

suíços; quer ter os produtos que há em França, mas não tem empresas capazes de os produzir. E assim<br />

por diante...». E seguindo-se a pergunta: «E tudo isso porquê, na sua opinião ? A que se deve esse<br />

tremendo desnível ?» — BARRETO respondeu: «Atraso económico, insuficiência de recursos, falta de<br />

tradição industrial, ausência de tradição na organização do trabalho, atraso cultural... E não podemos<br />

esquecer que, além disto, temos uma posição periférica. Hoje é menos grave, mas há cem anos passava-<br />

se <strong>ao</strong> lado de tudo... O EÇA dizia: “Chegou o combóio, e com ele vêm perfumes, mercadorias e ideias.”<br />

Agora as ideias chegam muito depressa, mas os métodos de organização, os métodos empresariais não.<br />

É claro que toda a sociedade vive melhor nos nossos dias do que há 40 anos, no sentido em que os ricos<br />

continuam a viver melhor, as classes médias também; e o mesmo se passa com as classes trabalhadoras e<br />

com os pobres: actualmente vivem melhor. Mas sublinho o seguinte: embora não haja muitos<br />

indicadores, os que existem mostram-nos que a diferença entre os 10 por cento mais ricos e os 10 por<br />

cento mais pobres é hoje, em 1998, maior do que o foi há 30 ou 40 anos ! Ou seja, a desigualdade social<br />

é agora superior. E, no quadro europeu, Portugal é quem averba os maiores índices dessa<br />

desiguldade...».<br />

Mas, voltando <strong>ao</strong> nosso tema anterior, agora, afinal, já a posteriori, o demasiadamente elevado nível de<br />

abstenção neste Referendo (com o valor percentual de 68,06%, sendo 49,09% para o «SIM» e 50,91%<br />

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