20.04.2013 Views

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

Poderá fazer ler o texto completo deste livro - Um Jurista ao Vento

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

desta doutrina: nas acções dos príncipes apenas se atende <strong>ao</strong> fim a alcançar (conquistar e manter o Estado);<br />

se esse fim for atingido pelo Príncipe, todos os meios que ele tiver usado — ainda que ilegítimos — serão<br />

por todos considerados como honrosos e louvados.<br />

Ou seja: os fins justificam os meios. É esta a essência do maquiavelismo: desde que se aceite um<br />

determinado fim a prosseguir, todos os meios são bons para o alcançar, mesmo que constituam actos<br />

imorais ou até crimes».<br />

E mais à frente:<br />

«Eis a verdadeira essência da Doutrina de MAQUIAVEL e daquilo que ficou conhecido como o<br />

“Maquiavelismo”: em política, deve praticar-se o bem quando possível, mas <strong>fazer</strong> o mal sempre que<br />

necessário...».<br />

O assim chamado «Maquiavelismo» é, afinal, simplesmente, a completa e desvinculada «Razão de<br />

Estado», i. é, a adopção de uma moral diferente para julgar a acção política, a absolvição dos<br />

comportamentos eticamente reprováveis dos governantes por terem em vista os interesses superiores da<br />

colectividade: Salus Populis Suprema Lex.<br />

Por isso, informa ainda FREITAS DO AMARAL:<br />

«No século XIX, os principais autores nacionalistas exaltaram ou mostraram compreensão por<br />

MAQUIAVEL, sobretudo na Alemanha (FICHTE, HEGEL) e na Itália (MAZZINI, CAVOUR), et pour<br />

cause...<br />

E no século XX, todos os grandes líderes de movimentos totalitários <strong>ler</strong>am e apreciaram O Príncipe: é<br />

o caso de LENINE e STALINE, de um lado, e de MUSSOLINI e HITLER do outro».<br />

E conclui assim o autor de que nos socorremos sobre este ponto:<br />

«O Príncipe, um <strong>livro</strong> técnico ? Sem dúvida. Mas num domínio das actividades humanas que não<br />

pode ser imune <strong>ao</strong>s ditames da ética. É portanto um <strong>livro</strong> técnico amoral: porque, a pre<strong>texto</strong> de descrever<br />

objectivamente como os governantes actuam no poder, aproveita para os ensinar a <strong>fazer</strong> aquilo que devia<br />

recomendar que não façam».<br />

Crítico e completamente o oposto de MAQUIAVEL foi ERASMO DE ROTERDÃO (1466-1536),<br />

também conhecido em latim por DESIDERIUS ERASMUS ROTERODAMUS («Onde MAQUIAVEL ignora<br />

a concepção religiosa do mundo e do homem, ERASMO afirma-a com todo o vigor. Onde MAQUIAVEL<br />

advoga a política liberta da moral, ERASMO subordina sempre a acção dos governantes <strong>ao</strong>s ditames de uma<br />

ética exigente. Onde MAQUIAVEL popõe uma política de poder, ERASMO preconiza uma política de<br />

serviço. Onde MAQUIAVEL faz o elogio da guerra, ERASMO apresenta a apologia da paz» — F. DO<br />

AMARAL, obra citada), que defendia que a melhor forma de governo é a Monarquia, mas «... uma<br />

Monarquia limitada, controlada e temperada pela Aristocracia e pela Democracia» — The Education of<br />

a Christian Prince, Columbia University Press, New York, 1936, apud DIOGO FREITAS DO AMARAL,<br />

História das Ideias Políticas, já referido.<br />

458

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!